? A Rússia, enquanto não faz parte da OMC, não está obrigada aos procedimentos dos países (membros da OMC). E ela está claramente usando esse direito, que não é da OMC, para fazer ajustes. Como estão na iminência de serem admitidos e, na dependência do apoio dos que são membros, eles estão fazendo gestões que levam a uma negociação ? disse o ministro.
De acordo com Rossi, a Rússia negociaria o apoio dos Estados Unidos em troca de uma cota para o frango norte-americano e o fornecimento da carne suína para a Europa.
? (A Rússia) quer deixar o frango para os Estados Unidos, o fornecimento de carne suína para a Europa e vai ter de comprar carne bovina do Brasil ? avaliou.
Perguntado novamente se as “gestões” feitas pela Rússia não configuravam uma troca comercial pelo apoio à OMC, Rossi enfatizou:
? É claro. Todas essas pressões são comerciais e não têm nenhum outro objetivo que não seja gerar negociações mais favoráveis ? completou.
Para o ministro, é “absolutamente sem base” a justificativa da Rússia para ameaçar um aperto no controle sanitário à carne bovina brasileira, principalmente em relação aos resíduos de antibióticos.
? Carne brasileira é a carne mais limpa do planeta e não há nenhum outro país no mundo com o rebanho no nosso porte com todo o gado comendo só capim ? disse.
Rossi, no entanto, admitiu “que alguns criadores brasileiros” não respeitaram o chamado prazo de vedação, período de carência entre a aplicação de algum remédio e o abate do animal. Rossi citou a ivermectina, cujo prazo varia de 90 dias a 180 dias, antibiótico cujo excesso de resíduos provocou o embargo dos Estados Unidos à carne bovina processada brasileira há mais de dois meses.
Para tentar suspender esse embargo, o ministro disse que o governo enviará, aos Estados Unidos, na próxima semana, os resultados de uma série de procedimentos adotada em rebanhos desde a suspensão da compra da carne.
? Para a Rússia, uma missão brasileira deverá ser enviada em setembro, porque entre julho e agosto eles estão em um período de férias ? disse o ministro.
Rossi esteve nesta sexta, dia 13, em Ribeirão Preto (interior de SP) para o anúncio da criação de uma unidade do Ministério da Agricultura na cidade paulista, responsável pelo atendimento a outras 64 cidades. Durante o discurso, e na entrevista aos jornalistas, o ministro defendeu a sustentabilidade do agronegócio brasileiro e chamou de “débeis mentais os que falam que um bife brasileiro comido representa uma árvore derrubada”, bem como “os que defendem a transformação de 20% da área cultivada no Brasil em floresta”. Ele não citou nomes.
Rossi criticou ainda os Estados Unidos e, no discurso, afirmou que “os americanos não estavam preparados para o protagonismo brasileiro e precisam entender que o Brasil não é mais uma ‘Banana Republic'”. Mais tarde, aos jornalistas, Rossi minimizou as críticas.
? Sou um dos mais favoráveis a uma relação íntima com os Estados Unidos, mas é inegável que alguns setores reagem a esse protagonismo brasileiro ? concluiu.