O reservatório do Rio Paraibuna, no Vale do Paraíba (SP) possui mais de 700 quilômetros de extensão, encravado na Mata Atlântica. É neste lindo lugar que o empresário Vavá Lainetti começou sua criação de tilápias. O criatório de Lainetti é considerado modelo, não só pelo privilégio de ter tanta água disponível, mas pelo sistema que ele implantou, que rende toneladas de peixes o ano todo. Assim como a maioria dos piscicultores, o empresário compra alevinos de criatórios registrados. Os de boa genética custam em torno de R$ 150 o milheiro.
Cada tanque no padrão adotado pelo piscicultor custa em torno de R$ 1,5 mil reais e tem capacidade para dois mil alevinos. Um mês depois, já maiores, eles têm que ser separados em lotes de mil indivíduos por tanque. No final do processo, o rendimento em cada tanque será de 900 quilos, em média.
O sistema de tanques é um intensivo e, por isso, a alimentação é muito importante. Há diferentes tipos de granulação nas rações, conforme a necessidade. Para os alevinos, o saco de 25 quilos com 35% de proteína custa em torno de R$ 55. Com 32% de proteína, o custo é de R$ 40 reais. No sistema escolhido por Lainetti, a alimentação representa 70% dos custos da atividade.
No inverno, com a água mais fria, as tilápias têm um apetite menor e, por isso, são alimentadas uma vez por dia. Já no verão, a alimentação pode ser necessária duas ou até três vezes ao dia – apetite que se reflete diretamente no ganho de peso dos peixes. De acordo com Lainetti, no inverno os alevinos ganham entre 30 e 40 gramas por mês, no máximo. No verão, os peixes comem quase o dobro, e o ganho de peso chega a 120 gramas mês.
O primeiro passo para quem pretende criar tilápias é analisar o terreno e o tipo de solo. São nove os sistemas possíveis de criação definidos pela disponibilidade de água, podendo ser de tanques ou viveiros, com ou sem uso de ração, e assim por diante. O sistema escolhido também vai refletir diretamente na produtividade.
O cenário da aquicultura
Segundo o Ministério da Pesca, a aquicultura representa 40% da produção de pescado no Brasil, gerando R$ 5 bilhões por ano e empregando cerca de 800 mil pessoas. A meta da pasta é que o país se torne um dos maiores produtores do mundo, com 20 milhões de toneladas de pescado por ano.
A tilápia é um peixe de água doce originário do rio Nilo, na África. A partir dos anos 50, ganhou força na criação comercial. Fáceis de alimentar, resistentes a doenças e com bons índices de reprodução, logo se tornam um negócio rentável. Entre os peixes, representa a segunda maior criação. Cerca de 50 mil piscicultores produzem 100 mil toneladas ao ano no Brasil. Atualmente, o piscicultor Vavá Lainetti vende o quilo por R$ 6.
Em 2012, a produção mundial de peixes e outros frutos do mar em cativeiro ultrapassou a de carne bovina pela primeira vez na história. Foram 66,5 milhões de toneladas de frutos do mar contra 63 milhões de toneladas de carne vermelha. Os dados são um estudo do Instituto Earth Policy.
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