A decisão foi motivada por dois fatores principais, segundo a agroindústria catarinense, que é controlada pelo grupo Marfrig.
A primeira é a distância de importantes centros produtores de grãos do país, como Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e seu impacto nos custos – o milho é a principal matéria-prima para rações.
O diretor de operações da Seara, Marco Antonio Siqueira, afirmou que a empresa também se deparou com escassez de mão-de-obra local nos últimos anos.
– Eles se tornaram verdadeiros desafios para a continuidade da atividade rentável na região – disse Siqueira.
A produção local será transferida para as unidades de Lapa (PR), Ipumirim e Passos (MG).
Nenhum funcionário será realocado. A auxiliar de produção Loena Koch, 45, que trabalhava há 16 anos na unidade, prevê dificuldade ao retornar ao mercado de trabalho.
– Tenho pouco estudo e fica difícil conseguir uma vaga – disse ela.
Ex-agricultora e mãe de duas filhas, Loena ganhava R$ 984 mensais.
A fábrica de Jaraguá tinha capacidade de processar 9 mil aves por hora. Os trabalhadores foram colocados em férias coletivas e, a partir de 11 de janeiro, receberão as rescisões. O acerto foi feito nessa sexta, dia 9, entre os representantes da empresa e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Alimentação de Jaraguá.
As férias e a metade do 13º salário dos funcionários que entraram no período de férias coletivas já foram depositados pela empresa.
Desde que foi inaugurada, em 1970, como Frigorífico Rio da Luz S.A., a unidade fechada em Jaraguá do Sul passou por cinco controladores, cresceu e habilitou-se para atender ao mercado externo.
Para o presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), Durval Marcatto, o fechamento da unidade da Seara no Norte do Estado deve provocar maior impacto sobre os produtores de aves do que nos funcionários do abatedouro.
– Apesar de serem quase 900 funcionários, metade deles de Jaraguá do Sul e o restante moradores de outras cidades da região, é provável que esta fatia seja absorvida pelas indústrias locais – afirma Marcatto.
Empresa vai manter 80 avicultores
No caso dos produtores de frango, o presidente da Acijs acredita que o aproveitamento será mais difícil, já que Jaraguá do Sul não tem mais vocação para a agroindústria.
No comunicado oficial encaminhado pela assessoria da Seara, a empresa afirma que dos 199 produtores que forneciam frango para a unidade fechada, cerca de 80 permanecerão no sistema da empresa e vão suprir a demanda do complexo localizado na cidade de Lapa, no Paraná.