Por enquanto, os pastos ressequidos em regiões tradicionais na pecuária, como a Central e a Campanha, se traduzem apenas no abate de animais sem uma terminação adequada, o que repercute na qualidade e no rendimento menor dos cortes. A continuidade da seca, porém, pode trazer um aperto maior. No Frigorífico Silva, de Santa Maria, uma das regiões mais prejudicadas pela falta de chuva, cerca de 30% do gado chega com terminação abaixo do ideal, diz o gerente da central de compras de gado, Diogo Soccal. O quadro, sustenta, tende a se agravar no final do verão, quando termina o período de engorda dos animais, principalmente no campo nativo.
– Em março e abril, ocorrerá redução significativa da oferta de gado gordo, em virtude do prejuízo que a estiagem traz no ganho de peso no período mais favorável, os meses de primavera e de verão. O preço da carne vai aumentar, reflexo da menor oferta, maiores custos de abate e de transporte dos animais – sustenta Soccal, que prefere não arriscar percentuais.
Frigorífico das Missões já busca carne na Campanha
No Frigorífico Callegaro, de Santo Ângelo, a situação se repete. O gerente comercial da empresa, Rafael Callegaro, lembra que costumava comprar 70% do gado nas Missões, mas agora concentra a busca na Fronteira Oeste, onde o estado dos campos é melhor.
– O gado não está bem pronto e escasseando. E metade não está bem acabada. Vai subir a carne daqui a dois ou três meses. Principalmente os cortes nobres – projeta.
Na Zona Sul, o panorama é mais confortável, mas o Frigorífico Coqueiro, de São Lourenço do Sul, sente a redução da oferta na Campanha.
– Esta semana fui a Dom Pedrito carregar de cinco a seis caminhões e acabei carregando apenas um – diz Luiz Roberto Saalfeld, um dos proprietários.