Diante de um animal enfraquecido, a atenção do dono é a única esperança para evitar a morte.
? Se não cuidar bem, ele morre, como já morreram outros animais ? diz o pecuarista Ciro de Arruda e Silva.
Enfrentando uma seca que dura quase um semestre, o pecuarista se esforça para manter a produção. Ele vive numa pequena propriedade, de apenas quatro hectares, no Pantanal de Mato Grosso. O rebanho de oito cabeças é a principal fonte de renda do produtor, que faz de tudo para evitar que o gado sofra ainda mais com a estiagem prolongada.
Como as vacas estão fracas, até os bezerros precisam ser alimentados com o pasto comprado. A fome dos animais é tanta que basta o pecuarista aparecer com a comida para ser rapidamente rodeado pelo gado. É uma realidade que comove.
? Essa situação entristece ? conta Silva.
Ciro não é o único a enfrentar obstáculos provocados pela falta de chuvas. No município de Barão do Melgaço, onde o rebanho bovino é de aproximadamente 170 mil animais, outros pecuaristas passam pela mesma situação.
Os pantaneiros já estão acostumados a conviver anualmente com dois cenários distintos. O de cheia, quando as águas chegam até bem perto das propriedades, e o de seca, caso de agora. O problema é que a estiagem este ano está tão severa que em algumas regiões não chove há quase seis meses. A solução é buscar alternativas para conseguir alimentar o gado.
O pecuarista Francisco Barreto de Araújo está há 32 anos no Pantanal. Durante os períodos secos, deixa o gado em uma área alagada, a quatro quilômetros da propriedade dele. Como não chove desde março na região, a medida não foi suficiente para manter protegido o rebanho de 60 animais.
? Mesmo na área alagada, oito animais morreram. Como a água fica cada vez mais escassa, o gado tem que ir mais e mais longe e, enfraquecido, acaba atolando e não consegue sair. Passei a ir diariamente monitorar o gado, para evitar novas perdas ? comenta Araújo.
Enquanto Francisco segue a nova rotina, a natureza mostra que a busca pela sobrevivência não mede esforços.