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Peixes

Secretaria de Agricultura de SP desenvolve pesquisa com trutas arco-íris de coloração azul e amarela

As linhagens do peixe são apreciadas na pesca esportiva e na gastronomia, além de trazer vantagens para estudos biotecnológicos

A Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo desenvolve pesquisa inédita com trutas arco-íris de coloração azul e amarela. Os estudos são conduzidos na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Campos do Jordão, do Instituto de Pesca (IP-APTA), unidade de pesquisa exclusivamente dedicada a salmonídeos, ou seja, truta e salmão.

A pesquisadora aposentada do IP, Yara Aiko Tabata, explica que as trutas azuis cobalto e amarelas foram isoladas por meio de acasalamentos controlados e caracterizadas geneticamente quanto ao caráter de dominância ou recessividade do padrão de cor. “As trutas arco-íris normalmente possuem coloração parda com pintas pretas. A variação de cor ocorre por conta de mutações espontâneas”, ressalta. 

De acordo com a pesquisadora do Instituto Neuza Takahashi, a truta azul possui o dorso azulado e as laterais do corpo prateadas, o que corresponde à fase marinha dos salmonídeos migradores. “Elas são preferidas por muitos mercados consumidores do mundo, particularmente o japonês”, afirma.

“Ambas as linhagens foram selecionadas a partir de variantes de truta surgidas naturalmente, sem nenhuma técnica de manipulação gênica, sendo, por isso, um produto de origem totalmente natural”, esclarece.

Uma vantagem da variação de pigmentação é a utilização dessas trutas como indicador da condição tripóide em lotes produzidos na UPD de Campos do Jordão e, por isso, há um interesse do Instituto de Pesca e da Secretaria de Agricultura na manutenção dessas linhagens. “A triploidização causa a esterilidade em trutas e, consequentemente, promove o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade da carne pela supressão das características associadas à atividade reprodutiva”, afirma Yara.

O cientista do programa Jovem Pesquisador em Centros Emergentes da Fapesp e desenvolvedor da pesquisa do IP entre 2015 e 2019, Ricardo Hattori, explica que apesar do grande interesse em trutas azuis, as tentativas de estabelecer linhagens comerciais fracassam devido a problemas de crescimento e fertilidade.

“Porém, ao analisar com maior detalhe as trutas azuis da Universidade de Campos do Jordão, detectamos desempenhos zootécnicos e reprodutivo muito satisfatórios. Além disso, descobrimos também, por meio de diversos cruzamentos, que elas eram na verdade geneticamente diferentes das descritas até agora. Outro fato interessante e inédito desta pesquisa foi a geração de trutas brancas-albinas a partir do cruzamento entre as azuis e amarelas”, relata.

A unidade do Instituto de Pesca, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), anualmente transfere ovos de truta para 50 produtores, aproximadamente, atendendo 10% da demanda nacional por ovos. Mais de um milhão de ovos são disponibilizados por ano, que são usados para melhorar a qualidade de 210 toneladas de truta produzidas no Brasil.

A pesquisa desenvolvida trouxe resultados marcantes como a descoberta da reversão sexual da trita para produção de lotes 100% fêmeas, aumentando a produtividade ao eliminar os machos sexualmente precoces e a triplodização, que consiste na manipulação cromossômica para a produção de lotes de peixes estéreis a fim de aumentar a produtividade por meio da eliminação da atividade reprodutiva, obtendo trutas de grande porte, com filés atos.

A truticultura brasileira é formada principalmente por pequenos produtores, desta forma, a maneira de aumentar a renda desses profissionais é o uso de tecnologias que agreguem valor à produção. O IP auxílio na viabilização no Brasil da técnica de salmonização da truta, ou seja, o processo de pigmentação da carne com carotenoide adicionado à ração, deixando a carne do peixe em tom rosa, característica que agrada aos consumidores.

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