Segundo Porto, as autoridades chinesas devem permanecer em território brasileiro entre um e dez de setembro.
? Nossa expectativa, e nossa Embaixada na China está cuidando disso, é de abrir o mercado de carnes para poder equilibrar um pouco mais o comércio.
Porto destacou que a balança comercial com a China é desfavorável ao Brasil e disse acreditar que os produtos agrícolas são o principal trunfo do país para mudar a situação. Acrescentou que o gigante asiático responde, atualmente, por 19% das exportações do Brasil. É o principal destino agrícola, considerando países individualmente.
? Se considerarmos países individuais, [a China] tornou-se o principal destino, enquanto os Estados Unidos têm perdido importância ? analisou Célio Porto, em entrevista ao Estúdio Rural.
O secretário revelou, porém, que o aumento dos negócios com a China traz também motivos de preocupação. De acordo com Célio Porto, além da grande participação individual, as exportações são bastante concentradas no setor de soja.
? Preocupa haver uma concentração em um único país e em um único produto ? disse Porto.
Preço
Na avaliação de Célio Porto, o fator preço foi determinante para a manutenção dos resultados do Brasil nas exportações de produtos agrícolas. Ele reconheceu que, em alguns setores, o volume exportado até caiu, mas a alta nas cotações compensou.
Segundo Porto, mesmo com uma ligeira queda nas compras, por causa do recente embargo à carne bovina, a União Européia se manteve como a principal cliente do agronegócio brasileiro. O bloco ainda responde por cerca de um terço das exportações de produtos agrícolas do Brasil.
No caso específico do comércio com a China, caso não tivesse havido o recente ciclo de alta nos preços das commodities, a situação do Brasil seria ainda mais desfavorável.
? Um déficit que foi de US$ 1 bilhão nos primeiros sete meses, teria sido de US$ 4,5 bilhões se os preços não tivessem subido tanto.
Sanidade
Célio Porto reconheceu que a sanidade ainda é um dos principais problemas enfrentados pelo Brasil, especialmente nos produtos de origem animal. O secretário das Relações Internacionais do Ministério da Agricultura avaliou que, mesmo se as negociações da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio, tivessem obtido sucesso, não significaria necessariamente a abertura de novos mercados.
? Tarifas menores e cotas não significavam a abertura de mercados como o Japão, México, Coréia, que têm restrições sanitárias porque não aceitam o princípio da regionalização [pelo qual a situação de cada área é considerada individualmente, mantendo o status sanitário de uma região enquanto há problemas em outra].
Ele garantiu que tem sido feito “um grande esforço” pelo Ministério da Agricultura, em conjunto com os Estados, para garantir a sanidade no Brasil. Mas considerou que a maior demanda por determinados produtos influi na manutenção da qualidade.
? É mais fácil a gente se disciplinar e ter mais adesão dos produtores para a melhorar a qualidade sanitária quando o mercado está com mais dificuldade de acesso do que quando está mais comprador, como agora.