A empresa, que pertence a Bruno Grubisich, filho do presidente da Eldorado Celulose, José Carlos Grubisich, ambos criadores de gado, iniciará as operações no primeiro trimestre de 2014 e chega para disputar o mercado de alta performance em genética bovina, com players como Alta Genetics e CRV Lagoa.
Conforme a companhia, a maior parte do montante será destinada às instalações e equipamentos que ficarão na cidade de Itatinga, no interior do Estado de São Paulo. A capacidade é de abrigo de até 200 touros e haverá um centro de coleta e processamento de sêmen, laboratório de sexagem de sêmen; criogenia; quarentenário; currais antiestresse; enfermaria; centro de pesquisa desenvolvimento; auditório e sede administrativa.
Meta de industrialização
Bruno Grubisich disse que a meta da empresa é a industrialização de 2 milhões de doses de sêmen bovino por ano.
– Nosso posicionamento é de prestador de serviço, de sermos um veículo da biotecnologia em reprodução animal. Temos mais de 90% do mercado de bovinos a ser trabalhado (somente 10% utiliza a biotecnologia na produção de bovinos de corte e de leite) – declarou o executivo, em coletiva de imprensa na manhã desta terça, dia 18.
– O segmento de Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) é mercado crescente e ainda existe lacuna de informação – acrescentou.
Questionado se a empresa chega para disputar o mercado de comercialização de sêmen, Grubisich explicou:
– Não temos nenhuma intenção de disputar mercado em termos de comercialização. Aliás, podemos trabalhar em parceria. Eles podem vir a ser nossos clientes. A ideia é sermos multiplicadores de genética de alta qualidade e darmos escala a produção de embriões.
O diretor técnico da Seleon Biotecnologia, José Roberto Potiens, ressaltou que as centrais de coleta e processamento das comercializadoras estão atingindo capacidade máxima e a Seleon pode ajudar na expansão da produção.
– Além disso, nossas instalações ficarão estabelecidas em um local de clima mais ameno (em Itatiba, interior de São Paulo) e sabemos que alguns touros não produzem sêmen no calor e precisam de uma temperatura amena.
A empresa não produzirá sêmen de uma raça específica e em suas pesquisas e desenvolvimento formalizará convênios com as principais instituições do setor, como Embrapa, Unesp (Botucatu), Esalq (Piracicaba), Fapesp, Capes, Finep, entre outros.
A Seleon aposta na demanda crescente pela proteína no mercado interno e externo. A companhia prevê que a produção de carne bovina passe dos atuais 9,5 milhões de toneladas/ano para 11,04 milhões de tonelada/ano em 2020, boa parte com o uso de melhoramento genético.
– Existe esforço dos produtores, as fazendas estão mudando, estão investindo em tecnologia. Ainda precisa de um pouco mais de tempo – declarou.
BNDES
A concepção da Seleon Biotecnologia começou há mais de um ano e o aporte de R$ 20 milhões será parte vinda de recursos próprios e parte de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
– Pretendemos acessar algumas linhas do BNDES, ainda estamos definindo quais – disse Grubisich, sem citar qual o volume total. Ele disse que espera um retorno do investimento para entre três e cinco anos.