Sem Rússia, volume exportado de suínos cai em 2011

Presidente da Abipecs acredita que recuo pode chegar a 3,7% em relação ao ano passadoO presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, prevê que os embarques do produto deverão somar 520 mil toneladas em 2011, queda de 3,7% em relação às 540 mil toneladas vendidas ao mercado externo no ano passado. Segundo o executivo, o resultado será prejudicado pelo embargo russo, em vigor desde 15 de junho, o que irá ofuscar o bom desempenho de outros mercados, como Hong Kong. Até novembro, os embarques somaram 479.484

– Nunca exportamos tão pouco para a Rússia. Os embarques ao país vão finalizar o ano em cerca de 120 mil toneladas ou um pouco mais. Até novembro, exportamos 123.567 toneladas. No passado, já vendemos à Rússia 400 mil toneladas por ano – disse o presidente da Abipecs.

Segundo Camargo Neto, em 2011, quem liderou o processo na cadeia da carne suína foi o mercado interno.

– Exportação, no geral, caminhou bem, mas não foi o que puxou a boa performance do setor – afirma.

Para 2012, o presidente da Abipecs não quis arriscar previsões.

– O desempenho do ano que vem dependerá de Rússia e China. Se abre Rússia, se aumenta China, fatalmente aumentará consideravelmente o volume exportado. Em um ano completo, já vendemos ao mercado externo 605 mil toneladas. Exportarmos 620, 650 mil toneladas não é impossível. É só a Rússia voltar a comprar e a China habilitar mais fábricas. E temos oferta para tudo isso – disse Camargo Neto.

Já para o diretor de mercado interno da Abipecs, Jurandi Soares Machado, 540 mil toneladas para o ano que vem é um número mais factível, pois não “perturbará” a oferta para mercado interno. No entanto, Camargo Neto acredita que existe oferta para 600 mil toneladas, mas que a oferta deve se adequar a demanda.

– Os pedidos da China são contratos de longo prazo, não teríamos animais agora, mas vamos produzir conforme vamos fechando os contratos. Mas, de um modo geral, um crescimento das exportações não prejudicará o mercado interno. Até porque os preços estão muito próximos dos dois mercados e os cortes exportados são diferentes dos consumidos internamente – afirma o presidente da Abipecs.

Com relação sobre uma possível reversão do embargo russo, com a atual visita de técnicos ao Brasil, Camargo Neto, que antes tinha uma postura mais atuante nas negociações com o mercado, brincou dizendo que a Rússia é uma “caixinha de surpresas.”

– Não tenho noção de Rússia, seria necessário vocês falarem com Brasília para se informarem de algo – declarou.

China e Hong Kong

O presidente da Abipecs também comentou que as vendas para Hong Kong deverão superar a Rússia no ano que vem.

– Se juntarmos as vendas de China e Hong Kong, hoje, elas já ultrapassam a de Rússia – explicou o presidente da Abipecs.

Sobre China, o executivo disse que há mais cinco unidades que já deveriam ter sido autorizadas a vender ao país e ainda há mais 13 que não foram visitadas, esperando uma primeira seleção do Ministério da Agricultura para que os pedidos de habilitação sejam solicitados às autoridades chinesas.

– Não é má vontade da China em demorar nos processos de habilitações. O problema é que é o mundo inteiro está olhando para a China. Todo dia tem não sei quantos países chegando lá. A viagem da presidente Dilma Rousseff promoveu um avanço no processo. E não é por protecionismo. É que, se não há uma pressão, ficam esquecidos naquela burocracia chinesa – disse Camargo Neto.

Japão, Coreia do Sul e EUA

Com relação à abertura do Japão e Coreia do Sul, Camargo Neto acredita que ocorrerá no primeiro semestre de 2012.

– Mas até começar a embarcar vai o ano – prevê o executivo.

Sobre Estados Unidos, o executivo esteve no país na semana passada e aguarda o retorno sobre a abertura do mercado na semana que vem, o que pode tornar-se uma referência para que outros façam o mesmo.

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