Setor da avicultura no Brasil cobra soluções do governo para a logística ineficiente

Produtores perdem mais de R$ 2 bilhões por ano por falta de investimento na áreaO Ministério da Agricultura deve anunciar até o fim do ano um plano agropecuário que deverá beneficiar o setor avícola. É o que afirma o ministro interino da pasta, José Carlos Vaz, que participou do último dia do Congresso Brasileiro de Avicultura, que terminou nesta quinta, dia 27, em São Paulo. O setor, que perde mais de R$ 2 bilhões por ano por causa da logística ineficiente, cobra do governo ações concretas.

O Brasil é o terceiro maior produtor de frango do mundo e o maior exportador e quer continuar crescendo, mas depende de uma série de investimentos, o principal é a logística. De acordo com o diretor de mercado da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Ricardo Santi, é necessário o aumento de acessos rodoviários, mais energia elétrica e disponibilidade para guardar os containers climatizados.

? Nós precisamos que a ferrovia do frango chegue até o porto para fazer escoar toda esta produção que nós temos nos Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul ? aponta Santi. 

Segundo o diretor de infraestrutura da Secretaria de Planejamento e Investimento Estratégico do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Arantes, o governo segue o cronograma do Programa de Aceleração do Crescimento e pretende investir na dragagem dos portos, na melhoria dos acessos rodoviários e no reforço da conexão ferroviária. No entanto, o governo conta com o apoio da iniciativa privada que, segundo Arantes, já tem previsão de investimentos no setor.

? Principalmente na expansão da ferrovia do Centro-Oeste no sentido de Mato Grosso, que é um grande produtor de grãos, o que é necessário para cadeia da produção de carnes, garantindo uma redução de custos e uma produtividade que o setor internamente já tem e possibilita uma alavancagem maior para produção ? explica Arantes.

O presidente da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel), no Paraná, Dilvo Grolli, cobra uma ação mais rápida do Estado. Ele até admite a participação da iniciativa privada, mas considera o governo lento em alguns aspectos como a recuperação e construção de ferrovias.

? Nós temos um custo de transporte muito caro porque a maioria é centralizado no rodoviário, que é o mais caro do mundo. Temos também o segundo melhor transporte mundial que é o ferroviário, que é a grande saída brasileira e temos algumas ferrovias que o governo deu concessão para a iniciativa privada e elas não estão operando. O governo deveria se dedicar mais a construção de ferrovias com urgência porque nós estamos perdendo acompetitividade dos nossos produtos ? afirma Grolli.

Existem mais de 70 reivindicações, das mais sofisticadas às mais simples, desde a construção de novas ferrovias até a instalação de energia elétrica nos portos. De acordo com Vaz, até o final do ano, com a volta do titular da pasta, o ministro Mendes Ribeiro Filho, o governo deve anunciar um plano agropecuário que deve beneficiar o setor avícola.

? Vamos ter uma política agrícola, pecuária específica implementada pelo Ministério da Agricultura e o ministro Mendes Ribeiro também se propõe a ser o condutor. A pauta é de logística e ele vai junto com o setor conseguir estas prioridades ? afirma Vaz.