Setor de carne projeta perdas com greve dos fiscais no RS

Fiscais agropecuários entraram em greve ontem, dia 17, em várias regiões do Brasil. Ao todo, 2.800 fiscais estão paralisados, com adesão de 90%

Fonte: Suelen Farias/Canal Rural

Dirigentes do setor de carnes do Rio Grande do Sul manifestam preocupação com o início da greve dos fiscais federais agropecuários. O Rio Grande do Sul exporta mais de 700 mil toneladas de carne de frango, 150 mil toneladas de carne suína e quase 100 mil toneladas de carne bovina por ano. Os fiscais agropecuários entraram em greve ontem, dia 17, em várias regiões do Brasil. Ao todo, 2.800 fiscais estão paralisados, com adesão de 90%. 

– O setor embarca produtos diariamente para dezenas de países. Um único dia de paralisação já provoca grandes impactos – explica o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (SIPS), Rogério Kerber.

O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura, Nestor Freiberger, afirma que as empresas não têm condições de suportar mais um entrave.

– Os reflexos são muito rápidos, pois implicam em redução de abates, perda de logística contratada e não-atendimento de contratos internacionais – afirma Freiberger.

Segundo ele, as indústrias estão tomando pé da situação, mas o anúncio de greve por tempo indeterminado traz muita insegurança para o setor.

– É urgente que se encontre uma solução para este problema.

O setor de proteína animal vem enfrentando uma série de obstáculos que prejudicam a competitividade. O salário mínimo regional maior do que em outros estados e custos de diversos itens da planilha mais altos, fazem com que os investimentos no segmento gaúcho sejam cada vez menores. Além disso, a perspectiva de maior carga tributária, tanto federal quanto estadual, deixa o segmento de produtos de origem animal em grande desvantagem.

O diretor do Sindicato das Indústrias de Carnes no Rio Grande do Sul, Zilmar Moussale conclui que “a greve vem tornar a situação insustentável para os empresários do setor”. 

ABPA

Em nota separada, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que acompanha com “apreensão” a greve, com contêineres programados para embarcar carnes de aves e de suínos, além de ovos, não sendo despachados devido à falta de assinatura dos certificados sanitários.

– Frente a isto, a associação manifesta sua preocupação com as consequências da continuidade do movimento junto aos exportadores da avicultura e da suinocultura.  Em um período de forte crise econômica, as exportações dos setores, que registraram crescimentos nos últimos meses, têm desempenhado um importante papel na geração de divisas para o Brasil e na preservação do emprego e da renda, especialmente, em cidades do interior do país – diz a ABPA. 

Ela apelou ao “bom senso do movimento grevista” para que os embarques sejam retomados, evitando prejuízos ao setor e “à imagem do país junto aos seus clientes internacionais”.