A principal justificativa para o crescimento do setor é que tem mais gente consumindo leite no Brasil, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), Laércio Barbosa. Os laticínios devem colocar no mercado neste ano 5,7 bilhões de litros de leite, 4% a mais do que no ano passado e faturar com isso mais de R$ 10 bilhões.
? Vale ressaltar que é um crescimento bom e importante porque é feito sobre uma base alta. O leite longa vida é um produto presente hoje em 85% dos lares brasileiros. É um produto de alto consumo ? afirma.
A Cooperativa Central Mineira de Laticínios (Cemil) ficou ainda maior este ano. Até 2010 a empresa tinha capacidade para beneficiar 400 mil litros de leite por dia. Vai fechar 2011 ampliando a linha de produção para 600 mil litros. O presidente da cooperativa, João Bosco Ferreira, já calcula também o lucro que vai ter com uma nova fábrica que está sendo construída no Nordeste. O laticínio deve ficar pronto em dois anos em Caruarú, Pernambuco.
? Nós estamos presentes em 18 Estados e o Nordeste é a região que mais cresce no país. O que nos motivou é o alto poder aquisitivo daquela região ? explica.
O bom momento do setor foi comemorado por empresários durante encontro em São Paulo. Mas não se deixou de falar também de crise. Um dos problemas é a importação. Em 2011, segundo a ABLV, deve entrar no Brasil mais de um bilhão de litros de leite, na forma de queijos e leite em pó, o que pode inclusive fazer despencar os preços para o produtor.
? Esse produto chega ao Brasil a preços muito abaixo dos possíveis de serem fabricados tanto pela produtores, quanto pela indústria. A partir do mês de outubro com a entrada da safra, se a importação continuar nos níveis atuais isso tende a gerar um excesso de oferta e uma depressão nos preços, principalmente para o produtor rural, que fatalmente vai ser penalizado ? revela Barbosa.
Outro problema é o alto custo. No Rio Grande do Sul dois laticínios fecharam as portas na última semana. Para o economista Alexandre Mendonça de Barros isso não compromete o crescimento do setor, pelo contrário, é parte disso.
? Isso é normal de um setor que está se consolidando. Estão nascendo empresas grandes, e quando se faz fusões de duas empresas grandes, tem capacidades que ficam exageradas. Então passa a sensação que se está voltando pra trás ? pontua.
O economista foi convidado pra falar aos empresários sobre tendências de mercado. Apesar das preocupações do setor, três meses antes de acabar o ano, ele acredita que os balanços das empresas devem confirmar as projeções.
? O que vai segurar a produção brasileira, que vai estimular estes investimentos, é a manutenção da demanda do mercado interno. Tendo dinamismo dificilmente vai reverter um ciclo de investimentos no país ? afirma Mendonça de Barros.