Em 2009 produtores brasileiros e argentinos acertaram limitar a importação de leite em pó do país vizinho em 3,3 mil toneladas. O contrato encerrou em abril e foi prorrogado unilateralmente pelo Brasil até o final de setembro. Desde então, por resistência da Argentina, não foi possível renovar o acordo. A preocupação é evitar o que aconteceu há dois anos, quando 11 mil toneladas foram importadas em um único mês, o que motivou o estabelecimento do limite.
? Nós não temos nenhum receio de conviver com alguma coisa que seja previsível, por isso queremos um acordo. Mas o que não podemos é ficar correndo o risco de um novo surto, sobretudo neste momento que é a entrada da safra do Centro-Sul brasileiro que produz 40% do leite brasileiro ? afirma o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite, Rodrigo Alvim.
O presidente da Subcomissão do Leite na Câmara dos Deputados, Domingos Sávio, diz que a compra indiscriminada prejudica drasticamente o produtor nacional.
? O Brasil tem produção suficiente pra abastecer nosso mercado, e se importa, você destrói a produção nacional, desorganiza toda essa produção. É preciso defender o produtor brasileiro, a indústria brasileira e o próprio consumidor ? relata.
A aposta é que a Argentina tenha bom senso e aceite negociar. Caso isso não ocorra, a expectativa é que o governo brasileiro retribua com barreiras burocráticas dificultando a entrada de produtos argentinos. O Brasil pode endurecer nas negociações e adotar táticas que os vizinhos costumam usar nas relações comerciais.
? Eles proíbem o calçado brasileiro de ir para a Argentina, eles impedem a entrada de diversos produtos na barreira com a Argentina, criam dificuldades burocráticas e querem colocar produtos no Brasil de maneira indiscriminada destruindo a indústria nacional. É preciso que haja bom senso ? complementa Sávio.
? O governo tem nos ajudado, mas tem que ajudar mais um pouco. Tem que haver uma posição firme do governo no que diga se vocês fizerem o acordo nós faremos cumprir ? aponta o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite, Rodrigo Alvim.
O Uruguai e o Chile também podem ser alvo das cotas de importação.
? É necessário que a gente faça algum acordo com o Uruguai. Em relação ao Chile é um pouco mais preocupante porque surgiu a suspeita de que pudesse estar havendo uma triangulação. Na medida em que o Chile, no ano passado, importou 14 mil toneladas de leite em pó, das quais 11 mil exportou para o Brasil ? ressalta Alvim.