O Sindicato Nacional da Indústria de Ração Animal (Sindirações) espera um crescimento de 2% para o setor em 2015, registrando uma produção de 66,3 milhões de toneladas, acima das 65 milhões de toneladas de 2014.
O desempenho só não deve ser melhor por causa do câmbio e da elevação dos preços dos grãos. Segundo o vice-presidente da entidade, Ariovaldo Zani, a desvalorização do real registrada em 2015 encareceu as matérias primas utilizadas na alimentação de aves, suínos, bovinos, entre outros. Além disso, os preços domésticos dos grãos também registraram alta. Segundo o Sindirações, o preço da tonelada do milho registrou alta de 24% entre janeiro e novembro deste ano.
A demanda por ração para aves deve avançar 2,3% de janeiro a dezembro, para 37,9 milhões de toneladas. No segmento de suínos, a expectativa é de crescimento de 3% em 2015, para 15,7 milhões de toneladas de ração. O consumo em bovinos, em compensação, deve fechar o ano com queda de 0,5%, para 7,98 milhões de toneladas.
A produção de sal mineral deve atingir 2,43 milhões, acima das 2,37 milhões de toneladas registradas em 2014. A alta foi impulsionada, principalmente, pelo avanço das exportações brasileiras de aves e suínos, registrada este ano.
Visão europeia
O diretor presidente do Sindirações, Roberto Ignacio Betancourt, afirmou que o agronegócio brasileiro é sustentável, embora instituições estrangeiras digam o contrário sobre o setor:
“Nós temos sustentabilidade e precisamos mostrar isso para o mundo. O Brasil está crescendo, ganhando competitividade, mas a Europa vê o Brasil como um vilão ambiental”, disse.
O representante afirmou que além das críticas externas, há ainda as que são feitas pelo próprio governo brasileiro e que podem prejudicar o setor, o chamado “fogo amigo”. “O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) é muitas vezes ligado a ONGs estrangeiras para falar mal do agronegócio e isso, ao meu ver, é inaceitável.”
Betancourt criticou ainda a Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), que, segundo ele, pode prejudicar a competitividade brasileira frente a outros exportadores agropecuários. “Ao não participar dos grandes acordos comerciais, nós vamos ser prejudicados, vamos receber restrições sanitárias, cotas mais baixas e outros”, afirmou.
China
Betancourt colocou ainda que as novas habilitações de unidades brasileiras produtoras de aves e suínos para exportar à China revelam os esforços da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e da iniciativa privada em incentivar o comércio exterior do país.
“O Brasil precisa de gente de visão que ajude a abrir estes mercados. A ABPA e a iniciativa privada estão fazendo isso com muito pouco apoio governamental.”
Mais cedo, a ABPA afirmou que a Administração de Certificação e Habilitação (CNCA) do governo chinês publicou hoje a habilitação de 12 novas plantas exportadoras brasileiras, nove delas de aves e três de suínos. As habilitações ocorreram após uma missão da associação, em junho de 2015. São plantas instaladas nos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Ainda de acordo com Betancourt, o Brasil deveria se espelhar no exemplo da Austrália, que firmou acordos comerciais com a China, e fazer o mesmo. “Nós estamos sendo prejudicados por falta de visão do governo brasileiro.”
Por outro lado, o representante comemorou o crescimento do setor durante 2015 e projetou um avanço de 2% do PIB da agropecuária no período. “O país vai mal, mas o agro vai bem e é um dos poucos setores que têm base em novas tecnologias. Estamos avançando em produtividade.”
Crise política
A atual crise política do país é avassaladora para o setor de rações, afirmou Zani, durante o evento. Segundo ele, o cenário gera incertezas e afasta o investimento estrangeiro. Além disso, prejudica o poder aquisitivo e as vendas no mercado interno.
O vice-presidente destacou a produção de rações para gado leiteiro, que deve fechar o ano com queda de 1,9%, para 5,3 milhões de toneladas. “A situação gera muitas incertezas e enquanto isso (o impeachment) não for resolvido, não vai melhorar”, disse, ressaltando que a morosidade é o pior que pode acontecer durante o processo contra a presidente Dilma Rousseff.