Diz a sabedoria popular que é o olho do dono que engorda o boi. Pecuarista há 35 anos, o Edimur Pedroso sabe muito bem disso. E, sempre que pode, está perto do rebanho, em Tatuí, interior paulista.
O pecuarista herdou o gosto pela pecuária do pai e do avô. Quando começou, ainda garoto, administrava 10 cabeças de gado. Hoje tem cerca de 6 mil. Uma parte do rebanho ele vende vivo, outra abate no frigorífico que é de sua propriedade. O homem de poucas palavras não esquece que passou por momentos de dificuldade. Mas ao analisar tudo que trabalhou até então se considera alguém de sucesso.
? Graças a Deus a gente só cresceu. Com muito trabalho, conseguiu adquirir alguma coisa. A gente tem que falar que está no azul ? conta.
Esta sexta não é simplesmente mais um dia de trabalho para pecuaristas como o produtor Edimur. Dia 14 de outubro é um dia especial, pra lembrar a importância que trabalhadores como ele tem para a economia do país.
E parece que as forças da natureza resolveram contribuir com este dia. Na propriedade de Edimur choveu forte. Mas ele não desanima. A chuva traz a expectativa de melhoria das pastagens e até de engorda mais rápida do gado.
? É uma satisfação, a gente faz o que a gente gosta, nasceu dentro disso ? relata.
O pecuarista Valdomiro Polizeli Júnior fala do presente e do futuro com entusiasmo. Para ele, a pecuária brasileira evoluiu no melhoramento e na eficiência da produção. O desafio é aumentar ainda mais a qualidade para o produto brasileiro chegar a mercados cada vez mais exigentes.
? Quando conseguirmos produzir uma carne que se coloque na gôndola dos supermercado de elite do mundo, aí a pecuária do Brasil vai chegar a um patamar que talvez nenhum país do globo possa competir conosco. Acreditamos nesse futuro de uma pecuária estruturada, tecnológica e produzindo para que o mundo inteiro compre ? diz.
O analista de mercado José Vicente Ferraz é otimista. Avalia que o momento atual da pecuária brasileira é positivo, mesmo com dificuldades, como altos custos e as tensões na economia internacional. Ele lembra que, há pelo menos 30 anos, o setor no país era inexpressivo e até importador de carne. Hoje, é bem diferente.
? Somos uma atividade muito mais estruturada, muito maior, muito mais empresarial. Tem alguns probleminhas, é óbvio, mas o balanço é altamente positivo. Um setor que se caracteriza pela alta segurança dos investimentos, mas não tanto pela rentabilidade. É uma rentabilidade baixa, uma segurança muito alta e uma liquidez média se você considerar que o rebanho é altamente líquido, mas a terra nem tanto ? opina.
Sendo assim, quem lida com tudo isso, no campo, afirma que só tem um caminho.
? Continue acreditando nessa atividade. Nosso país é maravilhoso e imbatível em qualidade de terra, de gente para trabalhar. O nosso país é diferente de tudo o que existe no mundo para produzir tudo o que é proteína animal e proteína vegetal ? considera Valdomiro.
? Tem que segurar no rabo do boi, não pode soltar porque tem a hora boa e a hora ruim. Então, tem que segurar pra quando melhorar, seguir crescendo ? aconselha Edimur.