O presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), pediu ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que exerça a responsabilidade social da instituição no caso. Segundo Paulinho, a demissão de 1,375 mil trabalhadores ligados à área da alimentação do frigorífico, em Presidente Epitácio (SP), não teve qualquer negociação prévia.
? Foram mais de 1,3 mil empregos diretos perdidos de um dia para o outro. Isso vai quebrar a cidade, que tem 42 mil habitantes ? ressalta.
De acordo com o deputado, o presidente do BNDES prometeu procurar a direção da JBS o mais rápido possível para fazer com que se reúna com os sindicatos. A Força Sindical reivindicou que a empresa continue operando em Presidente Epitácio.
? Parece que eles têm uma briga de Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) com o Estado de São Paulo, mas os trabalhadores não têm culpa.
Somando as demissões feitas nas unidades do JBS em Lins (SP), Maringá (PR) e Alto Floresta (MT), chega a quase cinco mil o número de trabalhadores dispensados este ano.
? O BNDES está financiando uma empresa para demitir trabalhador, com dinheiro do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) ? disse o presidente da Força Sindical.
A situação da cidade está muito difícil, assinalou o prefeito de Presidente Epitácio, José Antônio Furlan.
? A empresa encerrou as atividades de um dia para o outro em uma região que não tem outras opções de emprego ? informa.
Incluindo os empregos indiretos, passa de dois mil o total de pessoas desempregadas no município.
? Vai provocar um caos social ? afirma o prefeito.
A cidade, acrescentou, não tem como absorver essa mão de obra. A informação recebida pelo prefeito é que parte das atividades do JBS estão sendo transferidas para Mato Grosso do Sul e para Andradina (SP).
Nesta quarta, dia 14, os trabalhadores têm encontro marcado com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e a empresa. O deputado Paulo espera conversar, ainda esta semana, com o grupo JBS, em reunião mediada pelo BNDES. No último dia 8, sindicalistas e trabalhadores da área da alimentação pararam, em protesto, a ponte que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul, na Rodovia Raposo Tavares.
O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Fetiasp), Melquíades de Araújo, adiantou que os protestos não vão parar.
? Estamos preparando uma nova manifestação. O que não pode é fazer o que eles estão fazendo.
Araújo considera que o BNDES tem grande responsabilidade no caso.
Para o presidente da Fetiasp, o banco não pode financiar uma empresa como a JBS para demitir, nem o frigorífico pode usar o dinheiro do BNDES para aumentar o seu patrimônio e esquecer o lado social.
? A empresa tem que ter responsabilidade social ? conclui.