A fazenda Rancho da Matinha trabalha com melhoramento genético da raça nelore. Uma seleção voltada para a funcionalidade, de acordo com o que o mercado quer na pecuária moderna, até chegar na mesa do consumidor. Dependendo do sistema e do manejo em cada propriedade, a alimentação pode representar mais de 70% do custo. Por isso, o pecuarista Luciano Borges aceitou o desafio de selecionar animais que comem menos, tem o mesmo desempenho e ainda podem reduzir a emissão de gás metano em 25%.
? Isso seria, aproximadamente, como se eu tivesse dois tratores com a mesma capacidade fazendo o mesmo serviço em uma fazenda. Só que um trator gasta 25 litros de óleo por hora e outro gasta 15 litros de óleo por hora. A eficiência alimentar tem que ser acompanhada de fertilidade, de ganho de peso, de acabamento de carcaça, enfim, das características que são economicamente importantes ? disse Luciano Borges.
Em parceria com uma central de inseminação, o investimento passa de um R$ 1 milhão. Primeiro, foi construída uma torre de 40 metros de altura para garantir sinal de internet com banda larga exclusiva. São dois lotes com um total de 128 animais. Os primeiros 20 dias vão servir para adaptação a todo equipamento. Um cenário bem diferente do tradicional.
Todo o processo tem como base o medidor de consumo individual. Este sistema de cochos onde todo alimento que entra e sai é computado e relacionado a cada animal que chega para se alimentar. O controle chamado de growsafe, algo como ganho de peso com economia, foi desenvolvido no Canadá e tem acompanhamento em tempo real.
Os cochos estão em cima de uma balança de precisão. Cada animal tem um transponder no brinco. Basta ele colocar o focinho no cocho e a transmissão na frequência individual vai para este computador. Cada barra, um cocho. Quando a cor muda de verde para laranja quer dizer que tem boi se alimentando. E isso é monitorado pelos criadores do sistema no Canadá e por pesquisadores na Universidade do Texas, nos Estados Unidos.
? A equipe do growsafe, que são os criadores do equipamento, diariamente entra no sistema e audita para saber se todo equipamento está funcionando de forma eficiente. O pessoal da universidade do Texas está acompanhando, com a larga experiência que eles têm com equipamento e com as pesquisas com este tipo de característica. Eles também acompanham, diariamente, para calcular, ter acesso e enviar para nós o cálculo do consumo e, posteriormente, medir a eficiência alimentar destes animais ? detalhou Tiago Lopes, zootecnista.
Os primeiros resultados vão ser divulgados para o mercado no ano que vem.
? O que a gente imagina é poder oferecer um pacote exclusivo de genética pela precocidade produtiva, ter o parto aos dois anos de idade, crescer rapidamente. O que a gente imagina é que, ao longo do tempo, nós vamos oferecer tudo isso, mas com animais que demandam menos alimento para fazer esta função ? concluiu Luciano Borges.