Suíno vivo vale menos do que frango, aponta Cepea

Em regiões do Sul, preços pagos ao produtor independente de suíno chegaram a R$ 1,50/quilo em junhoO preço do suíno vivo em junho chegou a ficar menor do que o valor do frango vivo em algumas praças pesquisadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP/Esalq). De acordo com boletim mensal do Cepea, em regiões do Sul do país, os preços pagos ao produtor independente de suíno chegaram a R$ 1,50/quilo no mês passado, com o frigorífico buscando o animal na propriedade. Já o valor pago pelo frango vivo foi de R$ 1,76/quilo, em média, (preços de Toledo/PR), alcançando R$ 1,85

Ainda no mês passado, o indicador de preço do suíno vivo Cepea/Esalq recuou 9% em São Paulo, para R$ 1,92/quilo (fim de junho). Em Minas Gerais e no Paraná, o indicador teve queda de 8%, para R$ 2,15 e R$ 1,79/quilo, respectivamente. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a diminuição foi de 4%, com o quilo a R$ 1,84 e a R$ 1,86, no fim do mês.

“As desvalorizações do suíno vivo no correr de junho chegam a ser, inclusive, superiores às registradas em junho do ano passado, quando os preços também estavam recuando, pressionados pela interrupção dos embarques à Rússia“, disseram os técnicos do Cepea, no documento.

Neste ano, segundo eles, o motivo da queda é a demanda doméstica enfraquecida associada à maior oferta de animais.

“Para agravar o contexto doméstico atual, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), indicam queda nos embarques de carne suína in natura em junho e os preços do farelo de soja não param de subir”, informaram os especialistas.

Relação de troca

Os preços da soja e dos derivados não param de subir. Para o suinocultor, o poder de compra frente ao farelo de soja continua sendo corroído. No acumulado de 2012, até junho, a redução foi de 62% para o suinocultor paulista e de 58% para o catarinense. Ante o milho, o produtor catarinense perdeu 26% do poder de compra no acumulado do ano e, o paulista, 20%.

A relação de troca de suíno vivo por milho ficou, em média, 5,22 vezes (em São Paulo), queda de 6,2% no mês, e em 6,43 vezes (em Minas Gerais), recuo de 8,3% no período. Já a relação de troca de suíno vivo por soja ficou em 2,14 vezes(SP), queda de 16,3% e de 2,17  vezes (MG), recuo de 17,9%.

Carne

Assim como o preço do suíno vivo, a cotação da carne suína também caiu em junho e registrou o menor nível do ano, segundo o Cepea.

“Nem mesmo as temperaturas mais baixas têm estimulado as vendas domésticas”, disseram os técnicos do Cepea.

No mês, a carcaça comum suína negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo teve desvalorização de 6,8%, passando para R$ 3,21/quilo no dia 29 de junho. A média da carcaça especial teve queda de 2,8% no período, a R$ 3,62/quilo. No acumulado do ano, as quedas nos valores pagos pela carcaça suína alcançam 32%.

Quanto às carnes concorrentes, os preços também têm caído, mas em menor intensidade. O valor médio da carcaça casada bovina teve queda de 14% no acumulado até junho e o quilo do frango inteiro resfriado diminuiu 10% no período.

“Nesse cenário, o preço da carne suína na Grande São Paulo atualmente está apenas 18% superior ao da carne de frango. Em relação à carne bovina, a suína está 44,4% mais barata”, informam os técnicos do Cepea.

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