Suinocultores e avicultores mineiros pedem mais atenção às dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva no Estado

Manifestações durante o final de semana buscaram chamar a atenção das lideranças políticas para a crise que afeta os setoresSuinocultores e avicultores protestaram em Minas Gerais durante o final de semana. O Estado é o quarto maior produtor de suínos do país, e a melhora nos preços nas últimas semanas ainda não resolveu o problema do setor. Apesar da tendência de equilíbrio, os criadores querem um debate maior sobre toda a cadeia produtiva para evitar as constantes crises na atividade. 

Mais de 30 caminhões que fazem transporte de suínos e de aves em Minas Gerais participaram das manifestações. O pedido é de socorro e de mais ação por parte das lideranças políticas. A região de Pará de Minas, terceira maior produtora de carne suína do Estado, é o local onde estão concentrados os criadores independentes, que não fazem parte do sistema de integração com as agroindústrias. Durante o protesto, os manifestantes passaram pelas principais ruas da cidade em uma mobilização pela busca de um preço justo a ser pago aos criadores.  

Os avicultores da região também reclamam da alta nos custos de produção e afirmam que, assim como a suinocultura, estão registrando prejuízos com a crise.

Em todo país, mais de 700 granjas fecharam no primeiro semestre deste ano. Apesar da recuperação do preço nas últimas semanas, o prejuízo persiste entre R$ 15,00 e R$ 20,00  por animal entregue no frigorífico. O protesto pede mudanças consistentes em toda a cadeia da suinocultura para que os criadores possam  ter garantia de renda na atividade.

Suinocultores querem recorrer à Dilma Rousseff para resolver problemas no setor

Os suinocultores, que enfrentam uma das piores crises vividas pelo setor, decidiram recorrer à Presidência da República depois que o Ministério da Agricultura anunciou medidas de apoio sem que elas começassem a valer.

Para a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), a única saída é reunir a bancada ligada ao agronegócio e levar o assunto ao Palácio do Planalto, o que a entidade promete fazer assim que deputados e senadores retornarem do recesso parlamentar. A intenção é ainda nesta semana reunir deputados e senadores ligados ao agronegócio para levar o assunto à presidente Dilma Rousseff.

As dívidas bancárias dos criadores vencem nesta terça, dia 31, e as medidas de apoio, como a prorrogação dos débitos, anunciadas neste mês pelo governo federal, ainda não estão valendo, já que ainda falta a confirmação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Deste modo, muitos suinocultores já estão sendo cobrados em cartório. Com as promessas do Ministério da Agricultura em mãos, o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explicou a preocupação do setor.

– Nos prometeram que essas medidas iam ser votadas no dia 26 e que teriam efetividade a partir desse dia. Foi um compromisso feito pelo ministro da Agricultura aos produtores que aqui estavam no dia 12 de julho. Nenhuma das medidas foi votada e ela sequer entrou na pauta do CMN e nós, produtores, ficamos à deriva mais uma vez, sem nenhuma informação – disse.

O presidente da ABCS pede que os produtores aguardem pelo menos até quarta, dia 1º de agosto, quando a entidade pretende levar o assunto diretamente à presidente da República.

Ministério da Agricultura reafirma medidas de apoio à suinocultura

Em nota oficial divulgada nesta segunda, dia 30, o Ministério da Agricultura informou que está mantido o conjunto de medidas de apoio aos suinocultores anunciados recentemente ao setor, entre as quais a renegociação das dívidas de custeio e investimento contratadas por criadores não integrados, a definição do preço mínimo para suínos vivos em R$ 2,30 por kg nas regiões Sul e Sudeste, e de R$ 2,15, no Centro-Oeste, a subvenção de R$ 0,40 por kg de carne suína e a criação de uma Linha Especial de Crédito (LEC) para a aquisição de leitões com taxa de 5,5% ao ano, com valor inicial de R$ 200 milhões. Além disso, também está prevista a ampliação do limite da linha de crédito para retenção de matrizes por produtores independentes de R$ 1,2 milhão por produtor para R$ 2 milhões, até 30 de dezembro deste ano.

Segundo o Ministério, as medidas foram encaminhadas ao Conselho Monetário Nacional (CMN) na semana passada para apreciação. Pela agenda extensa da reunião, não foi possível que a votação ocorresse na data prevista, que era quinta, dia 26 de julho. O Ministério reitera que as instituições financeiras públicas e privadas foram comunicadas das decisões acordadas, exaustivamente, entre governo e Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). O preço de comercialização do produto já vem reagindo, em algumas regiões, em média 20%, desde que as medidas foram anunciadas pelo ministro Mendes Ribeiro Filho.