Os custos altos, queda nas exportações, superabastecimento no mercado interno são os três elementos apontados como responsáveis pela crise sem precedentes na história da suinocultura de Mato Grosso. Os produtores gastam, em média, R$ 2,15 por quilo produzido, mas na hora da venda não recebem mais que R$ 1,60 pelo quilo vivo.
Depois de encarar vários meses seguidos de preços abaixo das despesas, o suinocultor Raulino Teixeira Machado precisou reduzir em 20% o plantel de matrizes. Além disso, os animais estão indo mais cedo e mais leves para o abate, na tentativa de frear os gastos.
— Já precisamos demitir alguns funcionários — afirma.
Machado aposta na suinocultura há 22 anos e foi um dos pioneiros da atividade em Mato Grosso. No início de 2012 o produtor inaugurou um frigorífico próprio, completando o processo de verticalização na propriedade, onde também cultiva milho e soja. Desde então a crise no setor se intensificou e acabou com a tranquilidade do produtor.
— As contas não fecham e rapidamente vai não fecha as contas e rapidamente vai dilapidando o patrimônio. Estamos passando para o lado vermelho e, desse jeito, em breve teremos que fechar nosso empreendimento — diz.
Em Mato Grosso, muitos produtores decidiram investir na atividade apostando nos menores custos, pois o Estado é um grande celeiro de soja e milho, principais componentes da ração. As despesas com os ingredientes podem até ser menores, mas o preço pago pela falta de logística é alto e anula a vantagem.
O rebanho total de suínos soma 1,5 milhão de animais em Mato Grosso. A expectativa era de que este ano o plantel de matrizes chegasse a 130 mil cabeças. Diante do atual cenário, será difícil se manter com as atuais 120 mil, segundo a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat).
— Nós já anunciamos isso para o governo federal e para o governo estadual, mas percebemos muito morosidade. O produtor chegou ao limite — afirma o diretor-executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues.