Para o produtor rural Luiz Lenhard, a suinocultura é negócio de família. Seu pai começou a criar porcos quando adquiriu a propriedade no interior de Estrela, no Rio Grande do Sul. É por isso que ele sabe bem o tamanho da perda entre o que se investe e o que se ganha com a venda. O custo de produção varia entre R$ 2,50 e R$ 2,60 na região, enquanto o preço comercializado está em R$ 2,10.
? O agricultor é bastante seguro, ele procura se manter, mesmo sendo difícil. Ele tem alguma renda a mais, como nós temos o leite, e às vezes uma vai mal, outra vai melhor. Mas se continuar por muito tempo assim, fica muito difícil de continuar na suinocultura ? relata.
As perdas atingem tanto os produtores integrados quanto os não integrados. Segundo a Associação dos Criadores, o prejuízo chega a R$ 50 por animal vivo entregue ao frigorífico.
? Em períodos anteriores, nós tínhamos essas crises, mas as frequências eram mais demoradas. Dava para ser a cada dois, três anos. Hoje não está havendo, é quase uma continuidade. Não há a possibilidade até do produtor se recuperar ? comenta o diretor técnico da Acsurs, Gilberto Moacir da Silva.
No ano passado, a cadeia suína brasileira contabilizou 30 milhões de cabeças. A produção chegou a três milhões de toneladas de carne, gerando 630 mil empregos.
Santa Catarina
Em Concórdia, Santa Catarina, os problemas enfrentados pelos suinocultores retratam os altos e baixos da atividade. A situação mais difícil é a dos produtores não-integrados.
As vésperas de completar 70 anos, o suinocultor Zenildo Pradella não tem motivos para comemorar. Com uma vida dedicada à suinocultura, o produtor relata que atravessa a pior crise na atividade.
Com a alta do preço dos insumos, como o milho e o farelo de soja, e o valor do suíno vivo pago pelas agroindústrias longe do ideal, a conta fica para o produtor. A situação mais complicada é a dos produtores não-integrados, que precisam bancar, integralmente, os custos de produção.
Crise não é exatamente uma palavra estranha para quem vive da suinocultura. A atividade é marcada por altos e baixos, principalmente pela instabilidade do mercado.
Há apenas seis meses, por exemplo, o setor vivia a euforia com a promessa de abertura do mercado externo à carne catarinense. Hoje, o cenário é completamente diferente. Até produtores experientes, como Pradella, que já atravessou tantas crises, fica desanimado.