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Técnica revolucionária de manejo aumenta qualidade da carne

A chamada “doma gentil”, desenvolvida pela veterinária dos Estados Unidos, Temple Grandin, virou um referencial de bem-estar animal

Fonte: Flavia Fiorini / Embrapa Monitoramento por Satélite

Uma técnica desenvolvida por uma norte americana virou um referencial em bem-estar animal. Temple Grandin, que é uma conhecida veterinária, revolucionou as práticas de manejo em fazendas e abatedouros ao redor do mundo. Segundo ela um dos principais pontos que o pecuarista tem que levar em conta é a “doma gentil”, ou o tratamento diferenciado com os animais.

Transporte dos animais
Um grande exemplo desse tratamento diferenciado é no transporte dos animais. Quando o manejo dos suínos, por exemplo, não é feito de maneira adequada no transporte e no período do abate, a qualidade do processo diminui demais. O zootecnista, Adroaldo Zanella, explica que a carne fica flácida e sem cor.

Para a carne bovina, esse tratamento inadequado no transporte e abate também impactam a qualidade do produto cadeia final. “A carne fica dura, escura, que o consumidor olha no mercado e não quer comprar”, explica Zanella.

Tocar o gado
Segundo Grandin, os instrumentos usados para tocar o gado dentro dos currais também provocam contusões que danificam a estrutura muscular e causam danos nas regiões de cortes nobres. Umas das técnicas recomendadas é o uso de um simples cabo de madeira com um pano branco preso no final, para orientar o rebanho.

“O segredo é não gritar com os animais, tirar o cachorro na hora do manejo, não bater e tratar com calma, guiando com a bandeira branca, sem encostar. Tem que ser gentil com os animais, isso é muito importante”, ressalta.

Currais diferentes
Outra recomendação é construir currais com entradas separadas em curvas. A ideia seria os animais caminharem um atrás do outro, o que facilitaria o deslocamento do gado. Além disso, o caminho até o curral deve ter um muro de concreto acima da altura da cabeça do rebanho para ele não se distrair com o que acontece do outro lado.

“O curral curvilíneo trabalha a questão do comportamento dos bovinos porque eles preferem e gostam de voltar para o ponto de partida de onde eles estavam. Essa ideia do curral em curva permite esta impressão de que eles estão voltando para o ponto de partida, então facilita esse comportamento, como também o comportamento dos animais que estão seguindo. Para eles o ponto de partida é um ponto seguro, onde não existe nenhum predador”, diz Grandin.

Dica para a pecuária brasileira
Para o pecuarista do Brasil a veterinária explica que é muito importante trabalhar com os animais em horários do dia que não sejam muito quentes, principalmente nos momentos de transporte do gado. “É preciso ter muito cuidado com a qualidade de quem está dirigindo para evitar fazer paradas bruscas e arranques no caminhão”, acrescenta.

Temple Grandin
A conhecida veterinária americana possui um leve grau de autismo, mas o que poderia seria uma dificuldade se tornou o grande diferencial na vida da profissional. Segundo ela, isso permitiu que sua compreensão sobre os animais fosse maior. Temple possui diversos estudos sobre bem-estar animal e atualmente é Ph.D em zootecnia.

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