Segundo a ONG, outras 1.787 propriedades, num raio de até 10 quilômetros de novos desmatamentos, unidades de conservação e terras indígenas, passam por averiguação. As empresas declararam também ter o ponto georreferenciado de mais de 12,5 mil fazendas, número que, segundo elas, representa 100% da cadeia de fornecedores diretos da região.
Os resultados entregues, nove meses após a assinatura de acordo entre os frigoríficos e o Greenpeace (assinado em outubro do ano passado), correspondem à primeira etapa do compromisso assumido pelas empresas-líderes do setor da pecuária com desmatamento zero na Amazônia: cadastrar e mapear todas as fazendas de seus fornecedores diretos, para não comprarem mais gado proveniente de áreas recém-desmatadas na região, de terras indígenas e áreas protegidas.
Para que o monitoramento ocorra de forma eficaz e transparente, é indispensável a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR) das propriedades, ferramenta que possibilita monitorar por satélite e identificar com segurança todos os fornecedores ? tanto os que produzem sem desmatar quanto os que desmataram a floresta após outubro de 2009.
No Mato Grosso, detentor do maior rebanho do país, menos de 5% das fazendas estão cadastrados no sistema de licenciamento ambiental do governo do estado. A exigência do cadastro é lei e tem prazo para ser cumprida: novembro deste ano. No Pará, o número de fazendas registradas junto ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) saltou, em menos de um ano, de cerca de 300 para 19 mil propriedades inscritas, devido às pressões exercidas por consumidores e pela atuação do Ministério Público Federal, que moveu ações obrigando parte da cadeia a realizar o cadastramento. Porém, esse número ainda representa apenas 9% do total de propriedades do Estado.
Segundo o Greenpeace, os três frigoríficos responderam, em 2009, por 36% do abate feito na Amazônia Legal. O restante vem de pequenos, médios e grandes frigoríficos que até agora não assumiram compromisso com o desmatamento zero e vendem seus produtos para os consumidores, por meio de supermercados que ainda não limparam suas prateleiras de passivos ambientais e sociais.