Para tentar reduzir as perdas em logística do setor, a Ubabef e seus associados desenvolveram, há um ano, um estudo com os principais problemas de logística para a avicultura. O estudo foi transformado em um documento com 63 proposições para superar esses gargalos na infraestrutura, o qual será entregue aos ministros da Agricultura e do Comércio e Desenvolvimento durante o 22º Congresso Brasileiro da Avicultura, que será realizado de 25 a 27 de outubro.
? No documento inserimos 23 propostas para melhorias em portos, 15 em ferrovias, 16 em rodovias e nove em racionalização de processos. Nossa meta é uma redução de 2% sobre o custo atual que temos em logística no curto prazo, principalmente com medidas de otimização de processo. Estamos fazendo isso para contribuir na competitividade da avicultura nacional e para o governo levantar os recursos necessários para a área ? explicou o presidente executivo da Ubabef.
Para Francisco Turra, o Brasil não investe em infraestrutura no ritmo necessário. Ele cita um fator que, para ele, muitas vezes atrapalha um planejamento melhor dos investimentos.
? Eu acho que às vezes é vontade política, porque, quando você elabora um orçamento, se você contempla o transporte rodoviário como primo inter pares e deixa o ferroviário à deriva, você faz uma opção. Eu acho que muitas questões são de opção política, de uma decisão política ? opina.
O Brasil é o maior exportador e terceiro produtor mundial de carne de frango. No entanto, o diretor financeiro e administrativo da Ubabef, José Perboyre Ferreira Gomes, que também participou do encontro, aponta que o país não pode se acomodar nessa posição.
? A concorrência no mercado internacional é feroz e irá aumentar ainda mais. Ao mesmo tempo, Estados Unidos, nosso grande concorrente, não têm tantos problemas logísticos ? afirmou.
Segundo Ferreira Gomes, o custo com logística nos Estados Unidos é 10% do PIB da avicultura daquele país, no Brasil, é 20%. No ano passado, o PIB da avicultura brasileira alcançou R$ 36 bilhões.
Gargalos e propostas
Dentre os gargalos levantados pelo estudo feito pela Ubabef, estão a saturação das rodovias nos polos de produção, fraca malha ferroviária, estrutura portuária com capacidade insuficiente e estrutura de processos deficientes. Já em relação às propostas, a Ubabef destacou a necessidade de aumento do calado em alguns portos, além da ampliação de terminais de cargas, expansão de linhas ferroviárias para o escoamento da produção de grãos, revisão de valores de pedágios para transporte de carga em rodovias, entre outros.
? No geral, de toda carga transportada no país, 65% são feitos por rodovias, 19,5%, por ferrovias, 11,4%, pelo sistema aquaviário, 3,4%, por via dutoviária e 0,05%, por meio aéreo. A avicultura segue esse perfil ? comentou Ferreira Gomes.
De acordo com ele, como o transporte de frango tem que ser feito de forma refrigerada, para conservar os produtos, acaba custando até 3,5 vezes mais do que o transporte seco.
? O nosso transporte é refrigerado. Por ser refrigerado, ele é 3,5 vezes mais caro que o transporte de linha seca, ou seja, toda a cadeia do frio precisa de investimento pesado, equipamentos adequados, armazéns adequados. Nós temos outros gargalos: carga tributária, câmbio, enfim. Mas a logística é um gargalo que nós consideramos que está na nossa mão. Está com as empresas, está com as entidades e está com o país ? complementa.