O serviço de inspeção de produtos de origem animal norte-americano, FSIS, na sigla em inglês, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgou relatório sobre visitas feitas a frigoríficos brasileiros entre 15 maio e 2 de junho deste ano. No documento, datado de 9 de novembro, os norte-americanos apontam irregularidades no sistema de fiscalização nacional. Vale lembrar que, após estas auditorias, o USDA fez nova visita às indústrias brasileiras, em setembro. O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, confirmou ter recebido o relatório e disse que prepara um plano de ação para responder ao país.
No documento, o FSIS afirma que as auditorias realizadas no primeiro semestre tinham como objetivo determinar se o sistema brasileiro continuava equivalente ao dos Estados Unidos, “com capacidade de exportar produtos seguros, saudáveis, não adulterados e corretamente rotulados e embalados”. A visita aconteceu na sequência da operação Carne Fraca (17 de março) e antes do embargo feito pelos Estados Unidos à carne bovina in natura brasileira (20 de junho). O FSIS afirma que as respostas a questões levantadas no relatório e os resultados da auditoria orientariam o alcance e a frequência das futuras atividades de verificação dos EUA à produção brasileira.
No relatório, entre os problemas apontados pelo FSIS o departamento afirma que os procedimentos implementados de inspeção post-mortem, acompanhados durante as visitas, eram inadequados para garantir que apenas carcaças saudáveis, livres de contaminação e defeitos recebessem o carimbo de inspeção. Afirma ainda que fiscais não aplicavam de forma adequada exigências sanitárias regulamentares para prevenir a criação de condições insalubres e contaminação direta do produto.
O FSIS afirma ainda que, após as visitas, notificou o Brasil sobre o número crescente de casos de lotes de carne bovina in natura fora dos padrões de segurança alimentar dos Estados Unidos. O departamento fez também um alerta sobre a presença de abscessos e material estranho não identificado em aparas desossadas de carne de vários estabelecimentos homologados pelos país, o que levou ao embargo. Na mesma notificação, o FSIS diz ter informado o Ministério da Agricultura que para retomar o envio dos produtos, o Brasil precisava realizar uma revisão abrangente do seu programa de inspeção de segurança alimentar.