A inseminação artificial em animais foi usada pela primeira vez no país com cavalos, em 1930, para atender as necessidades da Cavalaria do Exército no Rio Grande do Sul. Cinco anos depois, foi criada uma unidade especializada na aplicação da técnica. Já em bovinos, a atividade iniciou no interior de São Paulo. Segundo o diretor técnico da Asbia, Neimar Severo, a grande contribuição do procedimento, no entanto, começou a partir da década de 1960, com as cooperativas e a entrada das empresas privadas no mercado, junto com os programas de melhoramento genético. Ele afirma que, atualmente, são vendidas mais de 12 milhões de doses de sêmen por ano.
– A Asbia, que fomenta e regulariza o segmento, prevê que em 2020 o Brasil chegue a cerca de 20 milhões de doses de sêmen congelado bovino. Com certeza, vai levar a uma recuperação fantástica dos segmentos leite e carne – diz.
O veterinário Wanius Nogueira Ribeiro relata que na central de inseminação onde trabalha um touro da raça nelore é recordista em venda de sêmen, com 21 mil doses no ano passado. A venda é direcionada principalmente para quem faz inseminação artificial a tempo fixo (IATF).
– Facilitou muito a mão de obra. Você faz um volume muito maior de animais em um curto espaço de tempo. Em 10 dias. Da forma normal, para inseminar, por exemplo, 300 animais, são três ou quatro meses na observação de cio diária – aponta.
Sobre os resultados dos avanços das técnicas de reprodução e multiplicação da genética, o conselheiro da Asbia Ricardo Ruas explica que, em resumo, inseminação artificial garante um bezerro por vaca ao ano. Transferência de embrião, que envolve a barriga de aluguel, possibilita 12 bezerros por vaca ao ano. Já a fecundação in vitro, disponibiliza um por semana. Com a sexagem de sêmen ainda é possível escolher se o animal que vai nascer terá habilidade para produzir carne ou leite.
– Quando a inseminação começou no Brasil, o sêmen era acondicionado em ampolas e o descongelamento era feito com água com gelo ou friccionando a ampola entre as mãos. Depois de algum tempo, o sêmen passou a ser acondicionado em palhetas. Então sabemos que um descongelamento feito através de equipamento automático como o mercado oferece hoje é muito mais seguro, muito mais garantido o resultado e com maior acerto que se pode obter neste processo – afirma.
O veterinário e pesquisador Rodolfo Rumpf foi um dos pioneiros no Brasil a trabalhar com clone. A técnica ainda está em fase de evolução e, a cada 100 embriões, apenas dois chegam ao ponto de sucesso. O custo médio é de R$ 50 mil por clonagem, que é recomendada apenas se o animal a ser copiado tiver valor de mercado acima de R$ 500 mil. Para Rumpf, o pecuarista pode trabalhar com bando de células e só executar a clonagem em caso de necessidade.
– A gente traz para o laboratório um pedacinho da pele a partir dele, se isola milhões de células. Essas células nós podemos então congelar e usar no momento oportuno. Isso a gente chama de banco, um depósito que você faz e é uma segurança que você tem de que aquele animal diferente no seu rebanho. E vai estar preservado ali quando precisar. Amanhã ou depois regenera, descongela e faz o clone – explica.
Ele acredita que em três anos a clonagem vai triplicar a eficiência e o custo será menor. E acrescenta que novas técnicas ainda estão por vir.
– A gente vê todo este pool de ferramentas desde a inseminação artificial até a clonagem. Amanhã ou depois, até o transgênico será alternativa. São ferramentas que nós vamos utilizar para construir o boi, o bife que o mercado quer, que o ecossistema permite e que o ambiente do produtor possui e seu grau de instrução lhe permite absorver de tecnologia – pontua.