Um estudo preliminar desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) demonstrou que fazer carinho em animais pode aumentar a produção de leite e com maior qualidade. O projeto em vacas da raça gir leiteiro indicou também que os afagos aceleram a recuperação pós-parto, evita doenças e reduz o intervalo de prenhez.
De acordo com o pesquisador da entidade, André Penido, essas confirmações fazem parte de um projeto abrangente, iniciado em julho do ano passado, que agrega novas informações a outras pesquisas sobre comportamento animal.
“Estamos trabalhando com estudos de mestrado sobre comportamento sexual do animal, além de estudos de doutorado sobre comportamento ao parto e qualidade do leite. O trabalho gera um pacote de informações importantes para a pecuária leiteira, inclusive indicando para o produtor o momento certo de fazer a inseminação artificial”, disse.
A veterinária Helena Mendes, que também participou do estudo, acredita que a vaca que recebe o carinho se recupera mais rápido após o parto porque o índice do hormônio cortisol, que é ligado ao estresse, diminui. “Ela fica menos reativa e mais mansa. A hipótese é que a vaca conseguirá ter um melhor período pós-parto e tenha um retorno ao cio mais rápido”, sugere.
A pesquisa também quer comprovar como o estresse do animal influencia nas doenças e na infertilidade pós-parto. Segundo a veterinária, quando a vaca está próxima ao parto sua fisiologia muda para haver a saída do leite, formação da glândula mamária e crescimento final do bezerro. “Este processo demanda muito oxigênio e, por isso, o animal entra num estresse metabólico, fisiológico e oxidativo gerando espécies reativas de oxigênio ou radicais livres”, explica.
Outra linha de trabalho dentro da pesquisa é conduzida em parceria com a zootecnista AskaUjita, que atua no pré, pós-parto e no período da lactação. “O treinamento com o afago nas vacas ocorre antes delas parirem. Ela gera um comportamento mais dócil que facilita o manejo. Com as vacas mais mansas e mais calmas a produção de leite aumenta. Outra vantagem que esperamos comprovar é a menor retenção de leite nas mamas e, assim, menor índice de doenças como a mastite”, informa.
A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto de Zootecnia tem previsão para ser concluída em dois anos.