Em Santos, no litoral paulista, um seminário de higiene e tecnologia do pescado discutiu problemas que são antigos, mas que o setor precisa superar. Na cidade, no Mercado do Peixe, algumas embalagens, por exemplo, estão sem rótulo, uma funcionária não usa luva e a camada de gelo em cima dos peixes deixou de ser colocada.
? Nos peixes, a gente pede que eles coloquem camadas de peixe, gelo, peixe, gelo, peixe, gelo. Interessante é que seja feito em camadas e depois que seja coberto com plástico ? disse Juliana Cabral Francisco de Oliveira, chefe da Vigilância Sanitária Estadual em Santos.
Embora os pedidos sejam feitos, Juliana reconhece que ainda há problemas. Mas, segundo ela, são pequenas irregularidades que não comprometem a qualidade do produto. De maneira geral, ela considera boa a condição sanitária do mercado.
? Às vezes, um ralo quebrado, uma faca que não é adequada, as tábuas que não estão em condições muito boas, a gente pede que sejam renovadas. Nada é 100%. A gente vem, faz com que eles prezem pela excelência, mas a excelência muitas vezes é impossível de se atingir. O que a gente assegura é uma segurança alimentar para quem vem aqui fazer suas compras ? disse Juliana.
Do outro lado da rua, no terminal pesqueiro, onde a responsabilidade pela fiscalização é do governo federal, as condições são consideradas satisfatórias. Toda semana são descarregadas toneladas de peixes. A preocupação com a higiene cresceu nos últimos anos.
? Levamos em conta, primeiro, a temperatura da descarga, então quando o barco chega, há a separação do pescado, o que dá e o que não dá para o consumo ? observou Manoel dos Santos Martins, gerente do terminal pesqueiro de Santos.
Se as condições no mercado e no terminal são boas, ainda há locais em que a realidade é muito distante da ideal. Situações que foram discutidas em um seminário em Santos. Lugares sujos, sem lixos adequados, restos misturados com objetos e locais sem a mínima infraestrutura.
Uma das dificuldades, segundo o chefe da Vigilância Sanitária de Peruíbe, Antônio Carlos Abude, é a falta de uma regulamentação maior do setor, que não tem apenas um órgão de controle.
? A produção do pescado é atribuída ao Ministério da Agricultura. E o comércio no município à Vigilância Sanitária, uma situação hibrida, porque ali você tem a pesca, o recebimento, duas atividades em uma, sendo que uma é competência do Ministério e outra da Vigilância Sanitária ? declarou Abude.