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Eleições

Governo tem que trabalhar a comunicação em favor da pecuária, afirma presidente da ACNB

Nabih Amin El Aouar, da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, espera poder atuar em parceria com os vencedores das eleições deste ano

A comunicação é um dos desafios a serem encarados pelo próximo governo federal, sobretudo na questão de promover ações em favor da pecuária brasileira no cenário internacional. Essa é a visão de Nabih Amin El Aouar. Presidente Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), ele foi entrevistado na série especial sobre as eleições 2022 que o Canal Rural está promovendo com representantes de entidades que ajudam a movimentar o agronegócio do país.

O presidente da ACNB lamentou o fato de que, infelizmente, o setor pecuarista é visto com maus olhos pelo público, entidades e governantes. Isso no Brasil e em outros lugares do mundo. E, em muitos casos, críticas feitas com base em afirmações falsas, pontuou Nabih Amin.

“Já fomos acusados muitas vezes de vilões. Vilões do desmatamento, da poluição, de emissão de metano, de invasão de áreas indígenas, de que o nosso produto é maléfico para a saúde humana. E quem nos defendeu?”, questionou o dirigente à frente da ACNB. Como resposta, ele mesmo reforçou dados favoráveis à pecuária nacional. “Temos o código florestal mais rígido do mundo. Temos 65, 66% de matas preservadas, diferentemente do resto do planeta, que gira em torno de 25%, sabendo que alguns países europeus estão entre 0 e 5%”.

“Destacar as nossas condições atuais de sustentabilidade e de bem estar animal. Temos que melhorar essa comunicação” — Nabih Amin El Aouar

E é aí, na valorização do produto que surge a partir das fazendas brasileiras, que Nabih Amin espera poder contar com a ajuda do governo, independentemente dos vencedores das eleições gerais de outubro. “Outro fator muito importante é a divulgação do governo sobre os benefícios da carne bovina e, além disso, divulgar não só dentro do nosso país, mas de uma forma internacional. Destacar as nossas condições atuais de sustentabilidade e de bem estar animal. Temos que melhorar essa comunicação”.

Entrevista com o presidente da ACNB

Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB
Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB | Foto: Reprodução

Confira, abaixo, os principais temas da entrevista concedida por Nabih Amin El Aouar, da ACNB, ao Canal Rural. Parceria com a Embrapa, problemas enfrentados com o aumento de ações criminosas no campo e projeções sobre participação da pecuária brasileira no mercado internacional estão entre os assuntos discutidos.

Importância da Embrapa

Foto: Divulgação/Embrapa

“Considero que o boom da pecuária brasileira foi o binômio nelore/braquiária. Isso fez com que nosso país se transformasse no maior exportador de carne bovina no mundo. Mas hoje eu já considero que não é o binômio, é o trinômio. A Embrapa tem que estar envolvida nisso. Foi ela que começou esse processo de pesquisa e desenvolvimento agropecuário em nosso país. Se houver maior investimento nessa grandiosa entidade de pesquisa, o campo será muito recompensado e mais ainda: o consumidor brasileiro de alimentos e os consumidores para os quais nós exportamos para todo o mundo.”

Comunicação com o mercado internacional

“Outro fator muito importante é a divulgação do governo sobre os benefícios da carne bovina e, além disso, divulgar não só dentro do nosso país, mas, de uma forma internacional, as nossas condições atuais de sustentabilidade e de bem estar animal. Temos que melhorar essa comunicação.

Na verdade, nós temos o código florestal mais rígido do mundo. Temos 65, 66% de matas preservadas, diferentemente do resto do planeta, que gira em torno de 25%, sabendo que alguns países europeus estão entre 0 e 5%.

Já fomos acusados muitas vezes de vilões. Vilões do desmatamento, da poluição, de emissão de metano, de invasão de áreas indígenas, de que o nosso produto é maléfico para a saúde humana. E quem nos defendeu?”

Abastecimento de grãos

Montagem: Canal Rural

“Devemos nos lembrar que a pecuária brasileira é tipicamente extensiva, não intensiva. Se pensássemos de uma forma intensiva, a necessidade de grãos e estocagem seria muito maior, como ocorre na Europa, nos Estados Unidos e nos países que têm essa criação mais intensiva.

O nosso país produz o leite e a carne mais saudáveis que existem, isso por ser um boi de capim. Evidentemente, no entanto, necessitamos dos grãos, das rações. Temos em torno de 13% dos animais que vão ao abate confinados. São 87% em pastagens e 13% confinados. Atualmente, muitos desses animais a pasto estão na fase de terminação, suplementados pelo menos na fase final, de 90 a 120 dias. Isso significa que essa proposta em relação a uma reserva de estoque de grãos passa a ser muito necessária.”

Agregação de valor

Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA

“Há dois anos, a ACNB criou um selo de certificação da carne nelore denominado “Nelore Brasil, a etiqueta verde do agro”. Para que esse produto fosse certificado, haveria a necessidade de rastreabilidade, cumprimento da legislação ambiental, trabalhista, não invasão a áreas indígenas e criação de animais a pasto. Na etiqueta desse produto, tem um QR code, que, quando se clica, o consumidor tem todas as informações daquele produto, como raça, sexo, peso, idade do abate, o criador e o frigorífico que o abateu e industrializou.

A rastreabilidade é muito interessante, mas foi exatamente o processo burocrático e o custo operacional que impediu o progresso e o avanço desse projeto. Da mesma forma, os animais castrados. Sabemos que os bovinos machos castrados têm uma condição melhor de acabamento de gordura, o que influi na qualidade da carne. Por que não é praticado? porque o pecuarista não recebe um valor agregado para isso. Temos que promover mudanças em que o consumidor tenha maior segurança alimentar e um produto de mais qualidade. No entanto, também é necessário que haja uma retribuição financeira ao produtor rural, ao pecuarista.”

Regularização fundiária e invasão de terras

Foto: Daniel Garcia

“Temos essa grande preocupação com essas invasões e esses conflitos no campo. Comumente, temos uma demora de resolução e isso foi um dos motivos para que eu, inicialmente, citasse a insegurança jurídica e a questão da segurança no campo, inclusive intervenção policial, para que se dê uma garantia de direito a quem tem. Não é benéfico para ninguém.

Com atritos, conflitos e até mortes no campo, o produtor rural necessita viver em paz. Trabalhar em paz para produzir. Somos produtores de alimentos, produtores de honra, produtores de empregos. Não somos elementos armados para combater outras pessoas no campo. O nosso combate é contra a fome.”

Roubo e furto de animais no campo

“Com esse reajuste recente de dois anos no valor da arroba bovina, o boi e a vaca passaram a ser objeto de desejo. Animais que são mortos, abatidos, dentro da própria fazenda e deixam apenas a cabeça e as patas. O resto do material é levado e nós não sabemos sequer de que forma é utilizada, se é para venda a terceiros ou se é para consumo próprio. E essa carne [circula] sem nenhuma fiscalização sanitária.”

Mercado internacional

Foto: Diego Baravelli/Minfra

“A nossa carne bovina é competitiva e quando ela entra num país ela entra para ficar porque tem qualidade e tem preço. Já temos dois países que estamos quase entrando: Japão e Coreia do Sul. São países que pagam um valor agregado. Geralmente, compram carne de melhor qualidade e isso vai fazer com que haja uma motivação do pecuarista brasileiro em produzir cada vez melhor.

Temos que parar com a mesmice de pensar em apenas produzir peso. Temos que produzir uma carne de mais qualidade, mais macia, mais saborosa, mais suculenta. Uma carne com sanidade e segurança alimentar. E tudo isso dentro de uma produção com sustentabilidade e bem estar animal.

O que nós solicitamos é uma interação maior do governo com o nosso setor. Desejamos o quê? Trabalhar, gerar empregos, gerar prosperidade, gerar renda, gerar divisas. Mas, principalmente, queremos contribuir para colocar alimentos na mesa do consumidor brasileiro.

Necessitamos que o próximo governo nos respeite e nos valorize. Somos aliados do próximo presidente, do próximo governo e dos próximos governadores. Desejamos fazer um complemento de trabalho que beneficie todos. Que beneficie o pecuarista, mas que, especialmente, o maior beneficiado seja a população brasileira, em termos de um alimento de qualidade, com segurança alimentar e com dinheiro rolando dentro do setor econômico brasileiro, gerando rendimento para o país.”

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