Escolhido como coordenador da equipe de transição entre os governos Bolsonaro e Lula, Geraldo Alckmin (PSB) assumirá um novo cargo a partir de 1° de janeiro de 2023: vice-presidente da República.
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A chegada de Alckmin à Vice-presidência da República se dá após reviravoltas na carreira política dele. Governador de São Paulo por quatro mandatos, ele permaneceu por décadas no PSDB, partido do qual foi um dos fundadores e chegou a ser candidato — derrotado — a presidente em duas oportunidades: 2006 e 2018.
Para a campanha presidencial de quatro anos atrás, o setor agropecuário fez parte do programa de governo divulgado na ocasião pelo então tucano. No material apresentado à Justiça Eleitoral, propostas para a área produtiva ligada ao campo apareceram em três diferentes tópicos.
As propostas de Geraldo Alckmin para o agro em 2018
Há quatro anos, as ações para o agro apresentadas por Geraldo Alckmin foram as seguintes:
- Agricultura nortista e nordestina
“Priorizaremos políticas que permitam às regiões Norte e Nordeste desenvolver plenamente as suas potencialidades em áreas como energias renováveis, turismo, indústria, agricultura e economia criativa.” - Investimento na agroindústria
“Promoveremos o desenvolvimento da indústria 4.0, da economia criativa e da indústria do conhecimento, fomentando o empreendedorismo em áreas de inovação, da cultura, do turismo e, especialmente, em áreas onde já somos líderes, como a agroindústria.” - Plano Safra plurianual
“A liderança do Brasil na agricultura será reforçada pela transformação do Plano Safra em um plano plurianual para dar previsibilidade às regras da política agrícola, pela garantia da paz e da segurança jurídica no campo e pela consolidação dos programas de seguro agrícola e rural.”
Plano de governo de Geraldo Alckmin – 2018 by Anderson Scardoelli on Scribd
Professor e saída do PSDB
Mesmo com propostas para o agro, a candidatura de Geraldo Alckmin para a Presidência da República não decolou em 2018. Com apenas 4,76% dos votos válidos, ele viu o segundo turno ser disputado entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL).
Derrotado, Alckmin passou a trabalhar como professor universitário. Médico anestesista, ele foi contratado pela Universidade Nove de Julho (Uninove), onde lecionou até junho deste ano. Deixou a instituição privada de ensino para se dedicar à campanha do petista Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República — e com ele sendo apresentado como candidato a vice da chapa.
Em fevereiro, então ausente da política partidária, ele usou o Instagram para compartilhar com o público o seu “passatempo favorito”: capinar.
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Alckmin tornou-se aliado de Lula após deixar o PSDB e se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Ele permaneceu como filiado do PSDB por 33 anos — antes do partido ser criado, era filiado ao MDB/PMDB.
Do interior paulista ao Palácio do Planalto
E foi no MDB que, a partir do interior paulista, Geraldo Alckmin começou a se dedicar à política partidária. Natural de Pindamonhangaba (SP), ele foi eleito vereador em 1972. Após um mandato no Legislativo municipal, foi eleito prefeito. Depois, emendou mandatos como deputado estadual (1983-1986) e deputado federal (1987-1994).
Deixou a Câmara dos Deputados para atuar no Palácio dos Bandeirantes. Na sede do poder Executivo paulista, o hoje vice-presidente da República eleito foi vice-governador, na gestão de Mário Covas (PSDB), de 1995 a março de 2021.
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Assumiu como governador com a morte de Covas e foi reeleito em 2002. Voltou a ser eleito para o comando do governo de São Paulo em 2010 e, quatro anos mais tarde, foi mais uma vez reeleito — oportunidade em que teve Márcio França (PSB) como vice.
Nos bastidores do poder, França é tido como um dos articuladores da ida de Alckmin para o PSB e, consequentemente, da indicação dele para candidato à Vice-Presidência da República da coligação encabeçada por Lula.
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Dessa forma, o político que em 2018 propôs — sem sucesso — ter um Plano Safra plurianual, ampliar a agricultura no Norte e no Nordeste brasileiro e investir na agroindústria será o vice-presidente do Brasil no decorrer dos próximos quatro anos.
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