AGRO NACIONAL

'Estão querendo transformar a vítima em vilão', diz Tereza Cristina sobre incêndios florestais

Ex-ministra afirma que a agropecuária é o setor mais impactado com as queimadas e que faltou planejamento do governo federal para realizar o combate

incêndio cana-de-açúcar

A senadora e ex-ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, se manifestou sobre as acusações que o agronegócio vem recebendo a respeito dos incêndios florestais que assolam o país. “Estão querendo transformar a vítima em vilão”.

Segundo ela, a agropecuária nacional tem sido o setor mais prejudicado pela atual crise. “A cana-de-açúcar sofre um prejuízo incomensurável. O setor não utiliza o fogo [para a colheita] há muitos anos, principalmente no estado de São Paulo, onde é colhida com máquinas”.

Dados da Secretaria de Agricultura paulista apontam que o fogo já consumiu 400 mil hectares de lavouras da cultura. Ao todo, o prejuízo ao agronegócio no estado gira em torno de dois bilhões de reais.

De acordo com a parlamentar, em seu estado, o Mato Grosso do Sul, as queimadas intensas no Pantanal são fruto da seca severa deste ano, mas também da falta de planejamento do governo federal.

“O governo já sabia dessa seca e não se preparou, não se planejou para o que ele precisava fazer. O Brasil é um país continental, é difícil sim [se preparar], mas ele podia ter se preparado melhor”.

Poucas ações contra os incêndios

Tereza afirma que o governo fez muitas reuniões, mas não ajudou na estruturação de soluções à crise. “Precisamos de aviões, de brigadistas. Os nossos bombeiros são insuficientes e eles têm trabalhado diuturnamente para conter esses incêndios”.

A ex-ministra também se queixa da falta de conscientização à população. “Não vi nada sendo feito a respeito de propagandas em rádios e televisões, uma campanha que diga ‘não ponha fogo’, ‘cuidado’, ‘a vegetação está muito seca’, algo a esse respeito”.

A senadora ressaltou que o produtor de gado do Pantanal enfrente grave crise agora, visto que ele não tem onde colocar o seu rebanho por conta das queimadas que destruiram o capim. “Até chover e voltar novamente essa vegetação, vamos ter mortalidades muito grandes dos rebanhos nos estados atingidos pelos incêndios, principalmente o Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso”, alerta.

Política pública para o produtor rural

O governo federal anunciou nesta quarta-feira (18) um crédito extraordinário de R$ 514 milhões para combater os incêndios florestais que se alastram pelo país.

Tereza ressalta que este valor também precisa ser empenhado em ações para prevenir os incêndios do períod de seca do próximo ano.

Neste cenário, ela questiona qual será a política pública destinada aos produtores rurais que tiveram suas propriedades afetadas pelos incêndios, como ocorreu com os criadores de gado no Pantanal.

“Eles precisam de recursos para levar esses rebanhos para fora do Pantanal, para áreas de serra ou ter condições de dar algum tipo de suplementação para manter esse gado em suas propriedades”.