Economia

Paulo Guedes: 'Alta do dólar é consequência de juros baixos'

Para o ministro da Economia, a alta na moeda norte-americana indica que Brasil está entrando em um novo modelo, que estimula a recuperação da indústria

Paulo Guedes - Leite
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Arquivo/Agência Brasil

A valorização do dólar, que nesta quarta-feira, 12, superou R$ 4,35 e voltou a bater recorde , decorre da combinação de juros baixos e contenção do gasto público, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo ele, a alta na moeda norte-americana indica que Brasil está entrando num novo modelo, que estimula a recuperação da indústria, mesmo desagradando a rentistas e a turistas brasileiros no exterior.

“Durante muito tempo, tivemos dólar a R$ 1,80 e juros básicos a 14% [ao ano]. Hoje temos dólar a R$ 4 e juros também a 4%”, declarou o ministro.

Na avaliação de Guedes, os juros mais baixos beneficiam os empreendedores, por meio do barateamento do crédito. Ele também disse que o dólar mais alto ajuda a reverter o processo de desindustrialização do Brasil, cujas fábricas enfrentaram, por muitos anos, a competição desleal com produtos manufaturados de países que manipulam a taxa de câmbio.

“O Brasil era o paraíso dos rentistas. O câmbio baixo desindustrializava o Brasil, que estava pendurado num modelo rentista”, disse.

Reformas

Em relação às reformas em tramitação no Congresso, Guedes disse que o Brasil terá um “ano belíssimo do ponto de vista político” após a aprovação da reforma da Previdência em 2019. Ele citou como prioridades a reforma tributária, que será acoplada a propostas em tramitação no Congresso, e as três propostas de emenda à Constituição (PEC) que reformulam o pacto federativo.

Dizendo ter boas relações com os relatores das PECs do pacto federativo, o ministro informou ter ficado agradavelmente surpreso com a proposta do senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC principal do pacto, de eliminar os pisos de gastos públicos em saúde e educação.

Reforma administrativa

Guedes reiterou que a reforma administrativa, ainda não enviada ao Congresso, pretende reduzir o número de cargos e cortar privilégios, mas apenas para os futuros servidores. “Desenhamos uma reforma administrativa que não atinge direitos adquiridos. Os futuros servidores ficam de cinco a oito anos sendo avaliados e lá na frente conquista a estabilidade numa carreira típica de Estado, como em qualquer lugar no mundo. Estamos projetando um Estado futuro com meritocracia. Em vez de 300 carreiras, vamos ter de 20 a 30”, explicou.