O ministro da Educação, Camilo Santana, negou novamente a acusação de ‘politização’ do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023.
Nesta quarta-feira (22), Santana prestou esclarecimentos para três comissões da Câmara dos Deputados sobre a escolha das questões, especialmente aquelas que envolviam o agronegócio.
Questionado pelos deputados da bancada do agronegócio, o ministro disse que os professores responsáveis pelas questões foram contratados em 2020 e 86% das questões foram construídas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em nota publicada após a primeira prova, em 5 de novembro, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pediu a anulação de três questões.
Segundo parlamentares da oposição e entidades do agronegócio, as questões 89, 70 e 71, que tratavam sobre agronegócio e desmatamento, têm “cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico”.
“Nós estamos tratando aqui de uma questão que foi elaborada a partir de um livro que trata de interpretação. Isso significa que não foi um posicionamento do governo e nem do Ministério da Educação”, respondeu Santana.
O ministro reforçou que o presidente Lula é não contra o agronegócio. “O maior Plano Safra da história desse país foi lançado pelo presidente Lula”, pontuou.
Criticas do agronegócio ao Enem
“A questão está errada. Esta classificação não existe, por uma questão técnica óbvia. Senhor ministro, não existe chuva de veneno. Isso é impossível. Chuva é uma precipitação da água da atmosfera”, disse o deputado e membro da FPA, Paulo Bilynskyj (PL-SP).
“Eu entendo que a questão foi formulada pela comissão do último governo, mas o senhor tem que anular uma questão que está obviamente errada”, complementou.
A deputada Bia Kicis (PL-DF), que presidiu a mesa no início da audiência, também repudiou a questão 89 do exame do Enem que ataca o agro no Centro-Oeste.
“Eu tive o prazer e a honra de trabalhar com o ministro Alysson Paolinelli, um grande brasileiro e ministro da agricultura. Ele foi responsável por tornar as terras do Centro-Oeste, que eram terras que nada valia, que não eram terras plantáveis, em um grande celeiro”.
Para o vice-presidente da FPA, deputado Evair de Melo (PP-ES), o posicionamento de Santana foi lamentável e trouxe respostas rasas.
O parlamentar esperava que o ministro adotasse uma postura mais pragmática e crítica em relação ao conteúdo da formação do Enem.
“O ministro mostrou total irresponsabilidade com o principal setor da nossa economia. Todo tempo se justificando e trazendo posições ideológicas diferentes, que é lamentável. Nós pedimos ao ministro que faça uma intervenção de todo conteúdo já produzido, seguiremos monitorando”, disse.