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Política

Reforma agrária: MST diz que governo Lula vai aumentar orçamento

O ministro Paulo Teixeira disse que as últimas invasões do MST “estressaram” relação do grupo com o governo

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, disse que o Ministério da Fazenda irá aumentar os recursos para obtenção de terras para a reforma agrária.

Segundo Rodrigues, que se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim da tarde desta quinta-feira (20), o governo poderá chegar, em 2023, a um máximo de R$ 400 milhões.

“O orçamento da reforma agrária que nós herdamos do Bolsonaro é de R$ 250 milhões [em 2023] para obtenção de terra, no Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária]. O governo está se comprometendo a chegar a R$ 400 milhões, mas é insuficiente para assentar 60 mil famílias acampadas”, disse o dirigente do MST após a reunião, realizada no escritório do governo federal, em São Paulo, na avenida Paulista.

De acordo com Rodrigues, para assentar as 60 mil famílias acampadas atualmente no país, seria necessário um orçamento de, aproximadamente, R$ 1,3 bilhão. “O ministro Fernando Haddad disse que não tem como repor esse orçamento esse ano”, ressalvou.

O coordenador do movimento social afirmou que o ministro propôs trabalhar no sentido de obter terras, para a reforma agrária, advindas de proprietários devedores da União. “O compromisso que o ministro firmou conosco é que ele vai trabalhar este ano em tentar obter terra de devedores da União”, disse.

“Ele [o ministro] está sugerindo criar um grupo de trabalho, com vários ministérios, para obter terra de devedores da União. Para fazer o processo de assentamento em áreas que são de devedores, que seriam automaticamente negociadas entre o Ministério da Fazenda, a Receita Federal e, possivelmente, o Incra. Esse é um acordo que foi firmado hoje aqui”, acrescentou.

Segundo o dirigente, existem cinco milhões de hectares de devedores da União nas mãos de menos de mil proprietários que, em conjunto, devem R$ 40 bilhões para o estado brasileiro.

“Se o agronegócio está dizendo que ele é produtivo, que ele dá lucro, que ele é importante para o desenvolvimento, primeiro, que ele pague a dívida dele: 40 bilhões de reais, que deve para o estado brasileiro. E, segundo, se ele não for pagar, que ele passe essas terras, são cinco milhões de hectares, que já daria para resolver parte dos assentamentos da reforma agrária”.

Ocupações

O MST começou a desocupação das áreas invadidas da Suzano em Aracruz, no Espírito Santo, neste sábado (21).

Embora a Justiça tenha determinado a reintegração na terça-feira (18), a ação do movimento não tem relação com a decisão judicial, mas com uma promessa do movimento.

Segundo os militantes, a desocupação deve terminar até o fim da próxima semana, para que sejam cumpridos os protocolos necessários para a saída das famílias da área.

Cerca de 200 integrantes do movimento invadiram duas áreas da Suzano cultivadas com eucalipto na madrugada de segunda-feira (17).

Depois da reunião com Haddad, o líder do MST falou que o movimento iria desocupar as áreas das Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pernambuco, e da Suzano, no Espírito Santo.

“Temos um compromisso que nós vamos desocupar, nas próximas horas, a área da Suzano, e também a área referente à Embrapa. Só estamos procurando um local para levar as famílias”, disse.

Relação do MST com o governo está ‘estressada’

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o ministro Paulo Teixeira afirmou que as últimas invasões do MST estressaram a relação do grupo com o governo do presidente Lula.

Ele disse que um plano nacional de reforma agrária vinha sendo discutido, mas agora deve atrasar.

Teixeira sugeriu que as ocupações da Embrapa e da Suzano estressaram demais a relação, mas que, após o compromisso do MST de desocupar essas áreas, será possível retomar o diálogo.

As invasões fazem parte da chamada ‘Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária’, também conhecida como “Abril Vermelho”, iniciada na segunda-feira (17).

A data marca o aniversário de 27 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no qual 21 trabalhadores sem terra foram mortos pela Polícia Militar da cidade.

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