A condição climática das lavouras de soja dos Estados Unidos e a moeda norte-americana são os principais fatores que impactam no preço da soja brasileira no momento. Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting, falou sobre o que impacta mais os preços do grão no Brasil em entrevista ao Mercado & Cia nesta terça-feira, 23.
“No momento, a condição principal que afeta os preços é o dólar. Em função do mercado internacional estar um pouco mais calmo, caminhamos para uma pressão de baixa novamente, como tivemos na moeda americana em duas semanas e isso reflete na soja brasileira. Como a comercialização já está muito avançada, então o produtor brasileiro vai se segurar e apostar no mercado doméstico,a partir de setembro e outubro, que deve oferecer oportunidades.” comenta o analista.
De acordo com Vlamir, veremos uma pressão evolutiva nas exportações para as próximas semanas no mercado americano, se confirmada a condição de clima mais seco que pode impactar na qualidade das lavouras do país. “A China tem comprado dos EUA, só nesta terça-feira eles já compraram 132 mil toneladas e a tendência é de os chineses comprem dos Estados Unidos e elevem essa pressão de alta em Chicago, então vamos ver um câmbio mais acomodado no Brasil, essa é a linha que observamos no momento”, comenta Brandalizze.
“Com essa condição, creio que as cotações tendem a cair abaixo de R$110 no spot. Tivemos bons volumes negociados na semana passada, depois de algumas semanas com negócios parados, com valores de até R$ 116,50 nos portos e volumes próximos a 2 milhões de toneladas negociadas na semana passada. Nesta semana, os valores já caíram e estão em R$ 113 nesta terça-feira e com isso tende a cair abaixo dos R$ 110. A tendência é para queda nos negócios brasileiros e, com isso, o mercado Chicago vai evoluindo, o que ajuda a compensar uma eventual alta do dólar, então essa compensação pode demorar algumas semanas e isso ocorrer com a soja brasileira abaixo de R$110, uma cotação boa para o produtor, principalmente se o dólar se valorizar ainda mais”, diz o analista
Segundo o analista, a possibilidade de seca nas lavouras dos Estados Unidos ainda não oferecem impactos ao mercado agrícola neste momento, porque a queda nas lavouras foram bem pontuais e ainda há expectativa de uma produção acima de 110 milhões de toneladas, mas caso ocorra um agravamento nas condições climáticas, isso pode impactar na qualidade da soja e consequentemente no mercado.
Diante deste contexto da soja acima de R$ 100, a expectativa da Brandalizze Consulting é de aumento na área produtora para o próximo ciclo da soja. “A expectativa é de crescimento, o produtor já negocia muito futuro, plantamos na última safra pouco mais de 37 milhões de hectares e provavelmente vamos chegar a 38 milhões de hectares para essa nova safra, teremos um aumento de pelo menos meio milhão de hectares no Brasil, e com isso vamos continuar na liderança da produção mundial. Nós atingimos nesta (safra) 120 milhões de toneladas, e se não tivéssemos com sofrido com a seca no Sul, chegaríamos a 130 milhões de toneladas”, finaliza Brandalizze.