A Argentina vai aumentar de 30% para 33% o imposto sobre a exportação de soja. A medida já era esperada desde o fim da semana passada, quando o governo paralisou temporariamente a autorização de embarques de soja do país. A ideia era evitar que os negociadores corressem ao mercado para tentar adiantar as vendas com o imposto antigo.
De acordo com o jornal Clarín, o ministro da Agricultura da Argentina, Luis Basterra, ofereceu um esquema de compensação para os 42 mil produtores para diminuir o descontentamento do campo. Muitos produtores têm a intenção de realizar uma greve agrícola na próxima semana, segundo as associações do setor.
O analista de mercado Vlamir Brandalizze acredita que com isso, o Brasil pode conseguir exportar mais. Isso porque já existe no país vizinho um movimento de não vender o produto no primeiro semestre. “A Bolsa de Chicago já sente isso como um fator de redução na oferta”, explica.
O especialista afirma que assim como no Rio Grande do Sul, a Argentina passa por problemas com a seca, portanto, a expectativa é que a produção seja menor. “Nessa condição, vai abrindo um mercado em que o Brasil pode exportar mais. Hoje [quarta-feira], o Brasil fez muitos negócios e isso já é reflexo da ausência dos argentinos como vendedores”, diz.
Além da perspectiva de exportação brasileira melhorar, os preços em Chicago podem subir. A Brandalizze Consulting diz que há expectativa de déficit de mais de 10 milhões de toneladas de soja, ou seja, a safra mundial será menor que o consumo.
“Com a Argentina deixando de colocar o grão no mercado e o Brasil com uma safra um pouco menor, por conta da seca no Rio Grande do Sul, a soja pode atingir US$ 9,50 por bushel [em Chicago], contra US$ 9,10 e US$ 9,20 atualmente”.