A oferta de boi gordo no mercado foi prejudicada pela estiagem prolongada, que atrasou o desenvolvimento do rebanho de safra. Diante desse cenário, Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado faz o alerta: “O abate de animais em 2020 será o menor da década, podendo registrar queda de 7% em relação ao ano passado”.
Ainda segundo o analista, devido ao atraso no desenvolvimento de animais no pasto, grande parte dos bois estarão aptos para o abate apenas no primeiro trimestre de 2021.
Para os preços, a tendência indica que os valores devem seguir em patamares recordes, e podem chegar a R$ 300 a arroba na B3, de acordo com o analista da Safras. “Isso acontece pela demanda aquecida, exportações em bom nível, o consumo interno no seu ápice e oferta restrita de boiadas no mercado. O movimento do futuro do boi gordo, com contrato de dezembro, é uma sinalização que os preços devem continuar em alta e não devem ser invertidos até a virada do ano”, destaca Iglesias.
Limite de preços
O comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, também acredita em patamares ainda mais elevados para a arroba do boi neste ano. “Ainda há espaço para avanço nos preços em decorrência da demanda externa, que deve seguir puxando as cotações para cima, ao passo que a demanda interna pode cair”, ressalta.
Por outro lado, Daoud acredita que os valores do boi estão próximos de atingir um patamar estável, onde o foco do pecuarista deverá ser com os custos de produção. “Se a arroba chega a R$ 300, por quando o produtor vende esse animal? Isso é um fator que impacta na formação de preço, considerando a alta dos custos, que subiram como nunca. Basta ver a elevação observada especialmente no caso milho”, diz.