A produção de milho em Mato Grosso deve cair 1,3% em relação à safra passada, totalizando 34,97 milhões de toneladas, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Na contramão, a demanda pelo cereal deve crescer 16,33%, chegando a 11,57 milhões de toneladas.
De acordo com o gestor de Inteligência de Mercado do Imea, Cleiton Gauer, a expectativa era de um crescimento de quase 18% na demanda frente à temporada 19/20, mas houve um ajuste. “Basicamente, esse reajuste foi puxado pela reorganização das expectativas de demanda para o esmagamento de milho, e também pelo consumo interno para a alimentação animal”, conta. Gauer diz que com a valorização do cereal em Mato Grosso, pecuaristas têm procurado alternativas para a ração.
Em entrevista ao Rural Notícias, o diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luis Rua, explicou que essa situação é preocupante para o setor. “Se formos pegar os dados da Embrapa, eles indicam que houve aumento entre 45% e 50% em relação ao ano passado nos custos de produção. Temos praças onde o milho subiu mais de 100% e, como as rações são compostas por pelo menos 60% de milho ou farelo de soja, o pecuarista tem duas saídas, que são a redução dos plantéis e repasse do preço ao consumidor”, disse.
Com esse desequilíbrio nos preços, continua ele, poderá haver desemprego na cadeia produtiva e ainda vai ter mais acréscimo nos preços ao consumidor final. “O preço do frango subiu 16%, dos suínos 26%, ou seja, muito aquém do que foram os custos de produção”.
Exportação
Segundo Rua, a exportação tem virado uma alternativa. “Temos visto no acumulado do ano, até março, um aumento de 20% no volume exportado de carne suína e 2% no mercado de aves. Devemos ter um crescimento substancial, sem descuidar do consumidor interno, que continua comendo frango e suíno. No ano passado, o consumidor passou de 43 para 45 quilos no consumo de carne de aves e de 15 para 16 quilos no caso de suínos”, contou.