Mais de 20 cabeças de gado morreram por causa da estiagem na do pecuarista Breno Dorileo, no Pantanal mato-grossense. Preocupado com a situação, ele mandou limpar seis represas antigas, construiu oito novas e ainda desembolsou cerca de R$ 5 mil em água para o abastecimento
Agora, o pecuarista trabalha na construção de dois poços artesianos na propriedade de nove mil hectares. A força-tarefa é para evitar novas mortes do rebanho de duas mil cabeças. “Água, para achar, só no subterrâneo, só com poço artesiano. O dia a dia aqui na fazenda ficou só para isso, só para não deixar o gado morrer, serviço que era essencial como arrumar cerca e curar bezerros foi deixado de lado, pois partimos para socorrer o gado com água”, disse.
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A seca também compromete reservatórios naturais como corixos, represas e açudes da propriedade de 9,4 mil hectares de Ricardo Arruda. Para garantir o fornecimento de água para os animais, ele também recorreu à água subterrânea com a construção de um novo poço de 40 metros de profundidade e a reativação de outro, da década de 1970, que nunca foi usado.
“Esses poços eram da época do meu avô à frente da propriedade, do meu pai, e é a primeira vez que estamos reativando esse poço. Temos que tomar a atitude não só para garantir o fornecimento de água para o gado, para que o gado não venha morrer literalmente de sede, mas também que não venha perder para atoleiro e para evasão” , disse Arruda.
A situação preocupa entidades do setor pecuário de Mato Grosso. “Não houve volume de chuva suficiente até o momento para as pastagens se recuperarem. Os animais continuam tendo bastante dificuldade em se alimentar e também suprir as suas necessidades de água, ainda está havendo muitas mortalidades”, disse a diretora-executiva da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniela Bueno.
A cada dia a estiagem se intensifica e o Pantanal mato-grossense agoniza com os reflexos da seca histórica. O cenário é desolador, com jacarés, animais silvestres, diversas espécies de pássaros e o gado disputando espaço nas pequenas poças que ainda restam dentro do bioma.
“Eu nunca vi o rio tão seco. As represas secaram praticamente todas e todo tipo de bicho está sofrendo. Não tem nenhum que não esteja sentindo falta de água”, disse Breno Dorileo.
Na disputa pela água, os animais mais debilitados não resistem e acabam ficando pelo caminho. “Para a gente que cuida, ver os animais assim, morrendo nas margens, nessa seca tão doída, é muita tristeza. Em local que antes era um aguaceiro de ponta a ponta e tinha água para o gado beber, hoje não tem nada. Já perdemos mais de 30 reses para a seca e é muito difícil para nós. Estamos em ano muito cruel, porque a gente está acostumado em ver o Pantanal tão bonito”, desabafou o gerente da fazenda, Carlos Henrique dos Santos Tortoreli.