O cenário de incertezas em relação ao mercado global de carne suína deve prosseguir em 2022. A informação consta em relatório referente ao terceiro trimestre de 2022 divulgado pelo Rabobank.
De acordo com o banco holandês, a Covid-19 continua sendo o maior curinga para a cadeia global de fornecimento de carne suína, uma vez que tanto a produção quanto a demanda seguem vulneráveis a quaisquer interrupções. A pandemia levou a muitas mudanças no gerenciamento da cadeia de suprimentos e nos padrões de consumo, que continuarão evoluindo.
- Suinocultura brasileira pede socorro, diz presidente de entidade
- Produtores de suínos temem por falta de grãos para ração, diz ABCS
Para o Rabobank, embora muitas coisas estejam incertas, uma confirmação é de que os custos de insumos continuam a aumentar, como taxas de envio, preços da energia e dos grãos para alimentação animal, juntamente com os custos trabalhistas, o que está desafiando as cadeias de fornecimento de carne suína. Segundo o banco, em uma economia em desaceleração, produtores e processadores estão encontrando dificuldades para repassar todos os custos adicionais aos consumidores, de modo que as margens seguirão sob pressão.
As importações e exportações globais de carne suína provavelmente cairão em relação aos níveis de 2021, principalmente devido às reduções na demanda de importação da China, à medida que a produção local se recupera. Embora os países importadores tradicionais – principalmente Japão e Coréia do Sul, além de alguns novos países importadores – provavelmente aumentem as importações, os principais exportadores precisarão encontrar um novo equilíbrio entre oferta e demanda.
O banco sinaliza também que há preocupações em torno da peste suína africana (PSA). A enfermidade continua influenciando a produção e os mercados de carne suína na Europa, Ásia e nas Américas.
Para o segundo e terceiro trimestres, o Rabobank sinaliza alguns fatores que precisarão ser observados, como os casos de Covid-19 e suas restrições nos principais países produtores e consumidores de carne suína, os surtos de peste suína africana e outras doenças animais, as biotecnologias ou vacinas para os casos de Covid-19 e PSA e a erupção vulcânica em Tonga e seus impactos potenciais no clima, produção de energia e na produção agrícola.
O Rabobank elaborou alguns destaques com relação a importantes países demandadores de carne suína. Confira abaixo:
China
A demanda fraca por carne suína pressiona os preços na China, mas a produção no país crescerá, impulsionada pela melhoria da qualidade dos animais. Embora o consumo esteja mais fraco, também por conta do impacto da Covid-19, o país tende a elevar as importações de carne suína, como uma alternativa aos elevados preços da carne bovina.
Europa
O excesso de oferta na Europa mantém uma pressão baixista sobre os preços. A PSA se espalha para o norte da Itália, potencialmente complicando o comércio.
EUA
A redução da oferta de suínos no 1o semestre deste ano apoiará os preços e ajudará a compensar o aumento dos custos. A Covid-19 vem interrompendo os abates e a distribuição de carne suína, ameaçando a demanda.
Brasil
O tempo seco elevou novamente os preços dos alimentos. Espera-se que o ano eleitoral traga mais volatilidade ao mercado de suínos do país.
Sudeste Asiático
Os surtos de Covid-19 e de PSA vêm afetando os mercados de carne suína do Sudeste Asiático. A produção de carne suína no Vietnã e nas Filipinas crescerá neste ano, embora lentamente.
Japão
A demanda por carne suína está enfraquecendo à medida que o covid-19 continua se espalhando. As importações de carne suína seguem fortes, pois a carne bovina é mais cara.