As chuvas irregulares e mal distribuídas durante os meses de dezembro e janeiro em Santa Catarina podem acarretar perdas de, em média, 43% na safra catarinense do milho e de cerca de 30% na de soja, segundo estimativas da Epagri/Cepa. A estiagem iniciou após dia 20 de novembro, quando mais de 50% das lavouras de milho estavam em fase de floração, período sensível à falta de umidade no solo. A continuidade da estiagem e das altas temperaturas pode aumentar ainda mais as perdas.
- Seguradora estima que metade de contratos para soja e milho de MS, PR, SC e RS devem ter aviso de sinistro
- Tempo seco e quente acentua problemas na safra de grãos do RS, diz Emater
Em relação ao milho, a previsão inicial para Santa Catarina era de uma produção de 2,79 milhões de toneladas do grão na primeira safra. A área cultivada no estado se estabiliza em cerca de 330 mil hectares, de acordo com o Infoagro. A estimativa da Conab para a safra brasileira do milho caiu mais de duas mil toneladas: a previsão inicial era 117,18 milhões de toneladas e agora a estimativa está em 112,9. O preço da saca do milho em Santa Catarina no início de 2022 está em cerca de R$95.
Segundo o engenheiro-agrônomo da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias, o impacto no rendimento das lavouras é diferente em cada região, de acordo com déficit hídrico. “A redução da produtividade é muito variável, sendo estimada entre 20 a 80% entre e dentro das microrregiões geográficas. Em várias regiões o efeito da estiagem acarreta perdas na produção acima de 40%”, explica. As regiões do Oeste, extremo Oeste e Planalto Norte são as que mais sofrem com a falta de chuva.
O início da colheita registra produtividades de 120 a 130 SC/ha, oriundas de áreas com período de semeadura que ocorreram mais cedo (final de agosto), na região do Vale do Rio Uruguai. “No entanto, a maior parte das áreas foram semeadas de setembro em diante e foram mais impactadas pela estiagem no período de floração das lavouras”, afirma Haroldo.
O baixo índice de chuva está relacionado ao La Niña, fenômeno climático que provoca a diminuição da temperatura das águas do oceano pacífico tropical central e oriental e impacta o regime de chuvas. A influência em Santa Catarina e Sul do Brasil são chuvas abaixo do esperado para este período e temperaturas elevadas. Em janeiro de 2022, o déficit hídrico se prolonga, caracterizando a anomalia climática.
Além do milho, soja é impactada pelo clima
A Epagri/Cepa estima perdas de cerca de 30% na produção de soja em Santa Catarina, queda também devido à baixa precipitação pluviométrica registrada desde novembro de 2021 no estado e na região Sul do Brasil. A estimativa inicial estava projetada em 2,63 milhões de toneladas em 698 mil hectares (primeira safra). A estimativa brasileira de produção da safra 2021/22 teve um ajuste, passando de 142,79 milhões de toneladas para 140,5 milhões de toneladas, também ocasionada por problemas climáticos adversos a cultura, principalmente no sul do Brasil.
As regiões catarinenses onde se concentram a maior área de cultivo são Canoinhas, Xanxerê e Curitibanos/Campos Novos, que somam mais de 55% do total cultivado no estado. Os prejuízos são diferenciados entre as regiões em função do calendário de plantio. A soja de ciclo precoce foi a mais afetada, em função do período crítico da estiagem ocorrer na fase de floração (período mais sensível à falta de umidade no solo). Esses cultivares têm menor tempo de recuperação. As altas temperaturas potencializaram os danos, provocando queima das folhas e encurtamento do ciclo da planta.
No início de 2022, os preços estão sendo orientados por fatores que apontam para a elevação das cotações. A forte estiagem no Sul e excessos de chuvas no Oeste da Bahia e Tocantins devem impactar na produção nacional.