No final de dezembro, um produtor de São Gabriel (RS) observou sintomas neurológicos nos suínos e notificou as autoridades sanitárias. Após testes, foi constatada a Doença de Aujeszky em um dos 46 animais. A Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) destaca que a situação foi controlada rapidamente.
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“A situação está resolvida e foi um caso isolado que até difícil entender como pode ter acontecido isso”, diz Valdecir Folador, presidente da Acsurs. De acordo com ele, é difícil acreditar que o estado voltou a registrar caso da doença depois de mais de 20 anos.
Por segurança e seguindo os padrões, todos os animais da propriedade de São Gabriel foram abatidos. A granja tinha produção de subsistência — não comercial, portanto — e está localizada longe do eixo de produção profissional do Rio Grande do Sul. Também por medida de segurança, 180 propriedades rurais localizadas num raio de 5 quilômetros foram monitoradas. Todos os suínos testaram negativo para a Doença de Aujeszky.
Pseudoraiva
A Doença de Aujeszky ou pseudoraiva é causada pelo vírus da herpes e acomete outros mamíferos como bovinos, ovinos, cães e gatos. Ela, no entanto, não é transmissível para humanos.
“Quanto mais novo for esse suíno mais os sinais clínicos neurológicos são evidentes. Se falarmos de leitões na maternidade, até 21 dias, nós vamos ter febre de 42ºC, um animal que não consegue se alimentar direito, ele vai estar apático e os sinais neurológicos são tremores, convulsão”, informa a coordenadora do Programa de Sanidade Suídea do Estado do Rio Grande do Sul (PNSS-RS), Juliane Webster Galvani.
“O animal [infectado] não consegue manter os membros posteriores firmes. Ele fica na posição de cão sentado, anda em círculos e pode ficar deitado de lado fazendo movimento de pedalar as patas. São todos esses sinais que podem estar na Doença de Aujeszky”, prossegue Juliane.
Doença de Aujeszky em suínos
A Doença de Aujeszky também pode interferir no sistema reprodutivo de matrizes e gerar sintomas respiratórios em suínos de crescimento. Quanto mais jovem o plantel, maior a taxa de mortalidade. Em caso de suspeita, a notificação aos órgãos competentes é obrigatória.
“É importante que o produtor tenha essa consciência e a gente vem falando que não é só em suínos, outras espécies podem ser afetadas”, destaca a coordenador do PNSS-RS. “O problema pode ser muito maior do que a gente enfrentou neste momento.”
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de suínos do pais, ficando atrás de Santa Catarina e do Paraná, com rebanho de mais 5 milhões de cabeças. Somente pessoas autorizadas podem entrar nas granjas para evitar contaminação.
“A suinocultura hoje está em um processo muito profissional. Todas as granjas, tanto as no sistema de integração das cooperativas e das agroindústrias, têm um acompanhamento técnico muito de cima”, diz Folador. “O produtor quando ele observa alguma anormalidade no plantel, algum fato novo ele imediatamente comunica o técnico que é responsável por aquele plantel.”
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