As exportações brasileiras de milho em fevereiro aumentaram 120% em relação ao mesmo mês de 2020. No ano passado, o Brasil exportou cerca de 340 mil toneladas. Nos primeiros 18 dias úteis deste mês, os embarques já ultrapassaram 750 mil toneladas.
Segundo o consultor da Terra Agronegócios, Ênio Fernandes, as tradings aproveitaram uma demora na entrada da safra de soja para exportar o milho, por isso os volumes estão maiores do que no mesmo período do ano passado.
“Mas a tendência agora é que as exportações diminuam bastante, porque o mercado interno vai pagar mais caro do que a exportação, vai reter esse milho, até por porque a nossa disponibilidade é muito baixa”, diz. “Se o clima em abril e maio não for muito favorável, a tendência é de produtividade menor”, diz.
O consultor afirma que ainda não é possível saber o tamanho da segunda safra, o que só deve ser melhor definido perto do meio do ano. Além da chuva (ou da falta dela), a possibilidade de geadas no Paraná também representa um risco. “Resumo da ópera: 75% da produção de milho do Brasil está na segunda safra, que tem um grande risco”, diz. “Pode ser maravilhosa, acima de 80 milhões de toneladas, ou desastrosa”, pontua.
Até a entrada da segunda safra, Fernandes acredita que os preços continuarão sustentados. “Depois de maio, se tivermos uma boa safra, os preços cederão”, projeta.
Caso o dólar não baixe e torne o mercado interno mais atrativo do que as exportações ou a produção da safrinha seja pequena, o cenário ficará bastante complicado. “Algumas regiões terão problema de abastecimento”.