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Rural Notícias

Inseminação artificial: comércio de sêmen bovino cresce 39% no 1º trimestre

De acordo com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), momento é impulsionado pela valorização do bezerro e da arroba do boi gordo

O mercado de inseminação artificial de bovinos no Brasil tem ganhado espaço diante do crescente interesse dos criadores pelo melhoramento genético e maior produtividade em menor área. Atualmente, 20% dos rebanhos de fêmeas em idade de reprodução, de corte e leite, usam a técnica da inseminação artificial e o comércio de sêmen bovino aumentou 39% no primeiro trimestre de 2021, comparado ao mesmo período do ano passado.

Aliado ao baixo custo das tecnologias ofertadas, o setor comemora o bom resultado, que superou as projeções para esse início de ano. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Márcio Nery, é preciso entender o cenário com a valorização do bezerro e da arroba, que começou na virada de 2019 para 2020. “Isso fez com que vários pecuaristas começassem a entender um pouco mais do impacto da genética dentro dos seus rebanhos”, disse.

Nery explica que o aumento nas vendas ao consumidor final era previsto para 2021 era de até 30%, mas o primeiro trimestre já aponta um crescimento de 35% e, no setor de corte, a alta foi ainda maior: 50%. Os 39% mencionados pela Asbia dizem respeito ao mercado geral.

O gerente de operações da Associação Brasileira de Hereford e Braford, Felipe Azambuja, explica que o comparativo do primeiro trimestre deste ano com o do ano passado, houve 48% de acréscimo nas vendas em hereford e 56% na braford.

gado hereford
Foto: Pixabay

O crescimento também foi substancial para a raça angus, segundo Mateus Pivato, que é gerente de Fomento da Associação Brasileira de Angus. “Um destaque bastante grande para o sêmen produzido aqui no Brasil, que aumentou 53% a comercialização nesse primeiro trimestre, responsável por uma fatia de 29% de sêmen comercializado nesse primeiro trimestre”, disse.
Pivato explica que para cada dez doses de semên importados foram produzidas seis doses aqui no Brasil. “Isso é muito bom e mostra a valorização da genética produzida por nossos produtores e nossos selecionadores”.

Ciclo pecuário valorizado

Atualmente, de acordo com a Asbia, 64,7% dos municípios brasileiros utilizam a tecnologia da inseminação artificial no melhoramento dos rebanhos. Isso representa um crescimento de 12,9% em relação ao mesmo período no ano passado.

Tiago Carrara, gerente de Mercado da Alta Genetics, explica que o momento vivido atualmente é de alta no ciclo pecuário. “É natural que o pecuarista, em especial o pecuarista de cria, esteja investindo mais em tecnologias e isso é muito inteligente da parte dele. Ao investir em tecnologia, ele aumenta a produtividade e a inseminação artificial IATF [Inseminação Artificial em Tempo Fixo] é uma tecnologia já consagrada, utilizada há muito tempo e é de fácil aplicação, baixo custo e de resultados já comprovados”, falou.

De acordo com o presidente da Asbia, além de reduzir custos, o melhoramento genético proporciona uma produção mais sustentável. “É um insumo de baixo custo, permanente e que atua na ponta tanto do aumento de produção como na ponta de redução dos custos de produção, indo ao encontro da questão da sustentabilidade, que basicamente é produzir mais com menos”.

Força também no Centro-Oeste

E essa tecnologia de produção tem agradado e atendido às expectativas dos criadores. Para Nelson Canuto, da Agropecuária Cedron, que é referência na engorda de animais superprecoces localizada na região de Anastácio, em Mato Grosso do Sul, os ganhos obtidos com a melhoria genética permite o acabamento de animais extremamente jovens.

“Há aproximadamente dez anos nós estamos trabalhando com cruzamento do angus com nelore e, há cerca de três anos, nós optamos por trabalhar com a genética nacional e introduzimos touros nacionais no nosso cruzamento. Agora, nós trabalhamos com 100% dos touros nacionais”, disse.

Canuto diz que, logo após o desmame, os animais são direcionados ao sistema de confinamento. “O que a gente precisava era de uma genética que possibilitasse isso: um acabamento com animal extremamente jovem. Nós optamos por trabalhar com a genética nacional e, sem sombra de dúvidas, ela nos trouxe nesses últimos três anos resultados muito positivos nos índices zootécnicos, como ganho de peso, rendimento de carcaças e fertilidade das fêmeas que nós usamos para reprodução”.

Espaço para crescimento

Apesar do horizonte positivo, é necessário olhar para a realidade e possibilidades de expansão, alerta Fábio Barreto, diretor da Progen, uma empresa especializada em genética animal. “Apesar do expressivo crescimento que nós observamos na utilização da inseminação artificial nos últimos anos, nós verificamos que essa biotecnologia ainda não atinge nem 30% dos ventres em reprodução. Verificamos que ainda existe um grande espaço para crescimento dessa técnica, visto que o custo benefício dela hoje é indiscutível”.

Márcio Nery, da Asbia, diz acreditar que ao longo do ano, quando as decisões de compra para cruzamento industrial se efetivarem, esse aumento da venda de taurinos, principalmente esse agrupamento angus, bramus e também o braford vai voltar a crescer muito na reposição de matrizes garantidas. “A inseminação foi feita, teremos uma grande reposição de matrizes vindas de genéticas zebuínas e, no segundo semestre, nós vamos assistir um aumento grande da venda de taurinos.”, completou.

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