A queda no consumo de leite, provocada pela alta taxa de desemprego e pela redução da renda das famílias, e o aumento dos custos de produção, principalmente milho e farelo de soja, encareceram a produção do alimento. Esse conjunto de variáveis causou atrito entre pecuaristas e os laticínios.
O clima entre os dois principais agentes da cadeia produtiva – laticínios e produtores – esquentou depois que as entidades representativas da indústria publicaram um manifesto relatando as dificuldades do setor e propondo “o compartilhamento do sacrifício” e sugerindo que “produtores, varejo e o governo se juntem ao esforço da indústria na superação deste momento difícil”.
Os produtores reagiram, sustentando que estão cansados de pagar sozinhos a conta quando o segmento de lácteos não vai bem. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, pediu então a urgente abertura de uma linha de diálogo entre as indústrias de lácteos e os produtores rurais. Ele considera que o momento é de procurar soluções para manter a viabilidade da atividade leiteira e evitar que mais produtores abandonem o campo.
A Faesc destaca que já existe, desde 2006, um organismo privado para articular e desenvolver a cadeia produtiva do leite em território catarinense: o Conselho Paritário Produtor/Indústria do Estado de Santa Catarina (Conseleite). Esse colegiado existe justamente para promover o relacionamento entre os integrantes do sistema agroindustrial lácteo.
Pedrozo sugere, ainda, que os laticínios mantenham os preços e evitem reduzir a base de pagamento, para não ampliar a crise dos criadores e, por outro lado, aprimorem a remuneração por critérios de qualidade.
Em 2006, Santa Catarina era o sexto produtor nacional com 1,6 bilhão de litros de leite/ano. Atualmente, o estado é a quarta maior bacia leiteira do Brasil e produz 3,040 bilhões de litros por ano.