O Brasil precisa se resguardar em relação a eventuais futuros casos de mal da vaca louca. Segundo o comentarista Miguel Daoud, do Canal Rural, o país pode colocar em prática ações que impeçam a doença de afetar diretamente o mercado da carne bovina brasileira no exterior.
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Ao participar da edição desta quinta-feira (23) do telejornal ‘Mercado & Companhia’, Daoud deu como exemplo a situação com os chineses. Isso porque o embargo do país asiático ao produto nacional só foi retomado agora, um mês após a notificação de um caso atípico do mal da vaca louca em uma pequena fazenda em Marabá (PA).
Nesse sentido, o analista deu uma sugestão ao governo federal: trabalhar, a partir de agora, para dar fim ao acordo comercial entre Brasil e China nessa parte. Atualmente, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) promove um autoembargo ao mercado chinês no instante em que um único caso da doença se confirme.
“Historicamente, os casos que tivemos são atípicos, isolados” — Miguel Daoud
Na visão de Daoud, a revisão do atual acordo se faz necessária. “No passado, nós tínhamos necessidade de vender e aceitamos essa condição”, afirmou o comentarista ao conversar com a jornalista e apresentadora Pryscilla Paiva. O cenário, contudo, mudou. “Historicamente, os casos que tivemos são atípicos, isolados”, pontuou.
“Que o ministro [da Agricultura, Carlos Fávaro] tente negociar a revisão desse acordo”, disse Daoud. Segundo ele, esse trabalho deve se dar por meio diplomáticos, além de contar com a atuação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que, inclusive, viajará para a China na próxima semana.
Diferentemente do caso clássico da doença, o mal da vaca louca atípico não representa riscos de consumo. Isso porque não é transmissível nem para rebanhos bovinos e muito menos para os seres humanos, conforme lembrou o comentarista do Canal Rural.
Outra dica de Miguel Daoud para o governo brasileiro
Diplomacia para rever o acordo de autoembargo com os chineses e, no cenário interno, pensar em regras para definir uma idade máxima permitida para bovinos na atividade pecuária brasileira. Essa foi a outra dica sugerida por Miguel Daoud em relação ao mercado da carne bovina do país.
“Esse caso nos causou um prejuízo muito grande” — Miguel Daoud
Nesse ponto, o comentarista atentou-se ao fato de o caso atípico do mal da vaca louca identificada em fevereiro no Pará ter sido diagnosticado em um animal de nove anos. “O pecuarista tem que entender isso. Esse caso nos causou um prejuízo muito grande.”
O prejuízo citado por Miguel Daoud foi explorado na edição desta semana do boletim ‘AgroExport’. Diretor de conteúdo do Canal Rural e apresentador do quadro, Giovani Ferreira avisou que, no comparativo com o mesmo período do ano passado, o Brasil deve fechar o primeiro trimestre de 2023 com recuo de 15% a 20% nas exportações de carne bovina — situação provocada justamente pelo período de suspensão de envios para a China, que é o principal comprador.
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Editado por: Anderson Scardoelli.
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