Leia, abaixo, o último diário de bordo da repórter Estela Facchin, que está acompanhada do cinegrafista Antônio Alencar:
“Nosso último dia na Biocom, em Cacuso, foi de visita à área interna da indústria. A produção de energia, através da queima de bagaço de cana e de resíduos de madeira, teve início em julho e já abastece toda a usina, além de ser vendida também para a província de Malanje. Em 2018, o excedente deve garantir o abastecimento de 335 mil pessoas. O açúcar também já começa a ser processado e logo será destinado à indústria alimentícia e de bebidas, às redes de supermercados e até mesmo ao comércio informal, que é bastante comum em Angola.
A expectativa é de que a usina abasteça 70% do mercado nacional de açúcar, que hoje importa tudo o que consome. A produção de etanol deve iniciar nos próximos dias, e a inauguração oficial da usina está prevista para a segunda quinzena de outubro. O biocombustível será vendido às distribuidoras para ser adicionado à gasolina.
A estada em Cacuso também nos possibilitou conhecer pessoas como Amélia, hoje líder de frente, que há pouco mais de um ano foi a primeira mulher angolana a operar uma colheitadeira. Gente como João Bernardo, ex-combatente de guerra e que agora coordena, em paz e com sorriso largo no rosto, o setor de recrutamento e seleção de pessoas da Biocom. E personagens como Rebeca, que há cinco anos aprendeu a plantar. Hoje, é a líder agrícola da comunidade de Kitexe, que integra um projeto de agricultura familiar mantido com a ajuda de empresas privadas.
De volta a Luanda, nossa viagem chega ao fim. Levaremos na bagagem boas lembranças do povo carinhoso daqui e uma enorme experiência de vida, em apenas três dias. Eu, particularmente, volto com a certeza de que o desafio da mudança depende de boas iniciativas.”
A companhia conta com 7,4 mil hectares de área cultivada. O plantio e a colheita são 100% mecanizados e a força de trabalho é composta principalmente por moradores das comunidades do entorno. Hoje, 94% dos integrantes são angolanos e 6% são expatriados brasileiros mobilizados para transferir os conhecimentos sobre o setor de bioenergia para o país. O objetivo é que, no quinto ano de operação, seu quadro seja composto 98% por mão de obra nacional.
• Leia aqui o primeiro e o segundo diário.