A China pediu que empresas de comércio e processadoras de alimentos do país asiático aumentem os estoques de grãos, diante de uma possível segunda onda do novo coronavírus. O agravamento da doença em outros países também levanta preocupações no governo chinês sobre as linhas de suprimento globais.
Negociadores estatais e privados de grãos, assim como produtores de alimentos, foram orientados a comprar maiores volumes de soja, óleo de soja e milho durante conversas com o ministério do comércio da china nos últimos dias. Um trader sênior de um dos maiores processadores de alimentos da China afirmou que ‘existe a possibilidade de um colapso no fornecimento devido às infecções por coronavírus’. A fonte ainda acrescentou que o governo aconselhou aumentar os estoques e manter os suprimentos mais altos do que o normal, ‘pois as coisas não parecem bem no Brasil’.
De acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) que afirma não haver risco de colapso no fornecimento de grãos do Brasil à China e outros países devido à pandemia da Covid-19. O presidente da associação, Sérgio Mendes, disse que a operação brasileira é automatizada e ainda reforçou que o atual fluxo de navios nos portos é recorde em comparação aos anos anteriores.
Para Liones Severo, diretor do SIM Consult, os chineses estão precisando recompor os estoques e o país deve continuar comprando. Ele cita também uma estratégia da China de comprar a soja dos Estados Unidos antes que um possível rompimento no acordo comercial aconteça.
“O Trump está ameaçando a China todos os dias e a saída dele é continuar assim até que rompa o acordo com a China para se reeleger pois cerca de 66% dos norte-americanos são anti-chineses, então esse é o único recurso dele para se reeleger”, afirma.
Sobre o Brasil, ele cita que a comercialização do grão já chegou a 100 milhões de toneladas da safra 2019/2020 e a 40 milhões de toneladas da temporada 2020/2021. “O produtor já fez também a troca e não temos mais produtos. O que fizemos foi antecipar as vendas e abastecer os mercados”, diz.