O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou nesta quinta-feira, 21, dados das exportações norte-americanas de soja. Segundo a entidade, as vendas ficaram em 1,2 milhão de toneladas na semana encerrada em 14 de maio.
Esse volume representa uma elevação de 99% frente à semana anterior e uma elevação de 80% ante à média das últimas quatro semanas. O USDA informou ainda que a China liderou as importações, com 737,4 mil toneladas.
O analista de mercado da consultoria INTL FCStone Jonas Pizzato afirma que os dados surpreenderam o mercado, que esperava.“Vem firmando o que observamos nas últimas semanas em que há uma demanda maior da China pela soja dos Estados Unidos”, diz. Ele comenta que no entanto, a oleaginosa na Bolsa de Chicago cai por conta do aumento de tensões entre norte-americanos e chineses.
Nesta quinta, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a acusar a China de ser a responsável pela pandemia do novo coronavírus e dizer que o país asiático não está cumprindo o acordo comercial.
Outro motivo que mexe com a cotação é que o Senado norte-americano aprovou uma lei que pode proibir empresas da China de serem listadas nas bolsas de valores do país, além de retirar as já listadas. A medida ainda está em tramitação.
Tendência
A expectativa da consultoria é que a China vai continuar comprando soja dos Estados Unidos. Pizzato afirma que a demanda no país segue firme com a recuperação gradual após a peste suína africana afetar o rebanho chinês. Além disso, os chineses estão receosos de que casos de cancelamentos de embarques aconteçam já que tanto Brasil como os EUA são neste momento o epicentro da Covid-19.
Para os brasileiros, o analista explica que mais de 90% da soja do nosso país já foi vendida, portanto, ficaria impossível os chineses ampliarem a comercialização do grão aqui. “Quem compra hoje [do Brasil] teria que pagar um preço mais agressivo, apesar do valor mais competitivo do Brasil. Vamos chegar em um momento onde não vamos ter mais soja no mercado para atender a China”.