O aumento do uso de produtos biológicos no controle de pragas no campo foi o assunto do programa Direto ao Ponto deste domingo, 5. A diretora-executiva de biológicos da Croplife Brasil, Amália Borsari, destacou que o Programa Nacional de Bioinsumos vai incentivar mais investimentos do setor privado em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos biológicos para o agricultor brasileiro.
As ações de extensão rural previstas no programa também vão reduzir as distâncias entre os laboratórios de pesquisa e o dia a dia no campo. “Com o sistema regulatório propício para novas tecnologias, o produtor vai ter acesso imediato ao que tiver de mais novo no mercado. E vai ter segurança de que aquilo vai funcionar também”, disse.
Borsari destacou que governo e iniciativa privada também discutem o marco regulatório para a produção de biológicos pelos próprios produtores rurais. Mas alertou para os riscos de se olhar apenas para a redução dos custos. É que, segundo ela, o processo bioindustrial vai muito além de multiplicar os microrganismos.
“Passa por um processo para verificar qual é o melhor método para se multiplicar esses produtos. Depois disso, qual é a melhor maneira de se formular esse produto. Que tipo de ingredientes ativos poderão incluir dentro dessa formulação e que não terão impacto sobre o ativo biológico de controle, inclusive que podem aumentar a sua ação”, explicou.
O governo brasileiro já registrou cerca de 300 produtos biológicos para o controle de doenças e pragas na lavoura. Amália Borsari destacou que o controle da lagarta helicoverpa por meio de defensivos biológicos incentivou novos investimentos e pesquisas nessa área. A praga causou mais de R$ 2 bilhões de prejuízos ao setor agrícola na safra 2012/2013. “Se você vir a curva de registro de quando surgiu a helicoverpa e nos anos posteriores, você vê um boom de produtos disponibilizados no mercado”.
A diretora da Croplife também falou sobre a eficiência comprovada dos defensivos biológicos. Mas explicou que o período de ação é diferente do controle químico. “O modo de ação é diferente, então tudo isso tem que ser levado em consideração no momento que o produtor utilizar a tecnologia”.
Amália Borsari destacou ainda a segurança dos defensivos biológicos para os consumidores finais. “Precisam passar por uma avaliação na Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. E o processo é bem monitorado e tem procedimento de gestão de qualidade”, disse.
Saiba mais
O mercado de biodefensivos cresce 15% a cada ano no Brasil. Dos 77,4 milhões de hectares plantados no país, cerca de 20 milhões são tratados com algum tipo de biodefensivo. Soja, cana-de-açúcar e café são as culturas que mais recebem esse tipo de tratamento no país.